Escrevo essa carta depois de ter compartilhado nos meus stories (close Friends!) um pouco do que eu vi nas ruas de Dubai no caminho para cá - um dos meus cafés favoritos.
Hoje, tive o privilégio de ser lembrada mais uma vez da vastidão que essa cidade linda que eu chamo de casita tem a oferecer. Dubai é conhecida pelo Burj Khalifa - maior prédio do mundo - e pelo luxo. Só abrir as redes sociais que vimos o desfile de Ferraris, carros e tudo mais, posicionando a cidade como uma bolha de ouro no mundo. E sim, essa parte da cidade existe. Mas, é apenas uma parte.
A outra parte é mais invisível para os turistas e até para muitos que moram aqui - que insistem em ficar em suas bolhas. E essa parte, um pouco mais escondida, as vezes mostra seu vislumbre e, principalmente para alguém como eu (mulher, estrangeira do Oeste e não muçulmana) enche meus olhos e sendo sincera, preenche meu coração.
Toda sexta-feira existe uma prece comunal - onde todos os muçulmanos homens capazes tem como parte da sua realidade ir a uma mesquita local e rezar juntos. E toda sexta-feira, você percebe esse movimento, se você souber para onde olhar. Homens caminhando pelas ruas com seu “tapete” de prece nas mãos e mesquitas lotadas de homens e alguns carros estacionados da maneira que dá do lado de fora. E então, o som da prece começa e linhas de homens de joelhos ao redor da Mesquista e o movimento começa. Cabeças elevadas. Cabeças no chão.
Sendo sincera, existe algo mágico em presenciar algo assim. Em viver em um local onde eu posso interagir no mesmo espaço que essas pessoas - quase como se estivéssemos vivendo em universos paralelos mas conectadas de alguma maneira por um fio invisível presente ali. Vindo de realidades tão diferentes mas ainda assim ocupando mesmo espaço, com todas as diferenças sendo respeitadas.
Ver pessoas que dedicam sua vida a esses momentos diários e semanais, esse compromisso com Deus e ver homens que visivelmente são de camadas sociais e financeiras diferentes um ao lado do outro, de joelhos perante algo que eles reconhecem ser maior. Me emociona. Me toca. Me inspira.
Viver em Dubai é um lembrete do ouro disponível e da ambição do homem que não consegue se satisfazer e precisa de mais. E mais. E mais. Mas, é também, se você souber para onde olhar, um lembrete de vidas tocadas pela busca de uma vida melhor para si, para sua família, sempre envolvidos nesse manto quase invisível de Deus.
Mas, que nas sexta-feiras, fica mais visível que nunca.
Na fé emanando de homens de joelhos. Reconhecendo algo muito maior.
Algo que acredito que eles sintam existir por todo o lado.
Algo que, de alguma maneira,
me conecta a eles,
e conecta a todos nós.
Ana, eu concordo plenamente com sua visão sobre Dubai como uma cidade de oportunidades. Através de suas palavras, fica claro que Dubai é muito mais do que apenas luxo e extravagância. Sua experiência destaca a beleza e a profundidade que muitos podem não perceber à primeira vista. Essa cidade é realmente um lugar onde as ambições encontram plataforma, e as histórias humanas se entrelaçam em busca de vidas melhores. É um privilégio poder testemunhar e aprender com essa dualidade cultural e econômica que Dubai oferece.