Escrevo essa carta sentada exatamente na mesma cadeira que escrevi e mandei a última carta. Como uma das grandes decisões para 2025 é escrever mais, porque esperar?!
2 dias atrás.
Era noite e estava sentada numa mesa do lado de fora de outro café aqui em Dubai, bem na Boulevard do centro da cidade. Um dos meus lugares favoritos no inverno, um lugar de muita expansão e memórias boas. Estava escrevendo no meu Mapa de 2025, escrevendo justamente sobre o que eu gostaria de viver no meu emocional e no meu espiritual para o no que começa.
Vi um homem sentar na mesa a minha frente com seu cachorro (um Golden!) ao seu lado. Ele estava no celular, enquanto tomava um café gelado e o seu fiel escudeiro ali, cheirando o que estava próximo de si. Sabe, cachorros - principalmente os grandes e bonitos - são um dos meus pontos fracos.
Ou, quem sabe, ponto forte. Depende do ângulo que você vê.
A verdade é que eu sou uma pessoa que gosta de cachorro. Melhor, eu amo cachorros. Já morei com gatos e eles são diferenciados, sem dúvida. Mas, um cachorro me faz feliz. Sua cara boba, seu corpo meio mole e desajeitado ou só seu olhar de quem só tem amor pra dar. Cachorros possuem uma aura de cura. Só de ver um cachorro grande meu dia melhora. Dar carinho, então? Alinhamento instantâneo dos chakras e da minha bioquímica cerebral.
Ao ver aquele Golden ali, tão perto de mim, senti um impulso de me levantar e ir ali abraçar, beijar e dar muito carinho para aquele cachorro de um homem estranho. Minha alma precisava daquela interação.
Mas… como fazer isso?
Existe uma linha social tênue do que é aceitável ou não. Alguns donos gostam e apreciam um estranho se aproximar para interagir com o cachorro, já outros detestam e percebem como uma invasão do seu espaço pessoal. Gosto de pensar que eu tenho empatia suficiente para não deixar meu impulso vencer o espaço pessoal do outro.
Mas… aquele cachorro me chamava.
Fiquei uns bons 2 minutos completos olhando para o cachorro e olhando para as costas do dono, que mexia no celular e parecia que iria embora a qualquer momento. Mexia no celular, bebia seu café para levar e estava vestido como se tivesse saído para sua corrida noturna. Hm, eu definitivamente tinha pouco tempo. Precisava agir rápido. Fiz um movimento de me levantar da minha cadeira para ir em direção a mesa na minha frente.
Contudo, eu congelei.
Fiquei com medo de importunar ele. Fiquei com medo de ser deselegante.
Droga.
Eu realmente queria dar um oi para aquele cachorro majestoso que babava sem parar e que tinha um olhar capaz de curar todas as pessoas desse mundo.
Olhei para o meu mapa de 2025, para tudo que eu tinha escrito sobre a minha versão que eu gostaria de viver no ano que estava para começar. Respirei fundo.
E aí eu me lembrei.
Em 2023 eu decidi que em 2024 eu seria a pessoa que entra no mar mesmo quando ele está congelando. Que não deixa para o dia seguinte. Que em 2024 eu sairia da minha zona de conforto e não deixaria para amanhã o que eu queria fazer hoje - mesmo que fosse desconfortável ou difícil. Que eu seria sim a pessoa que pede para o dono se eu poderia dar oi para seu cachorro. Que eu daria oi para um estranho que eu vi num café que parecia ter a mesma vive que eu.
Ri. Nem sempre é fácil ser a pessoa que se quer ser.
Mas, eu havia decidido há muitos meses a nova versão que eu seria. E esse ano eu já tinha conseguido honrar isso. E em cada vez que meu corpo parava com medo de incomodar o dono, eu respirava fundo e falava com ele. Perguntava o nome e a idade do cachorro e perguntava se podia dar um carinho. Algo simples. Pequeno. Mas que um dia já me paralisou completamente.
Mudar nem sempre é fácil e nem sempre é automático. Alguns resquícios ficam. Meu corpo paralisado me mostrava isso. Mas, eu não sou mais essa Ana do passado, que ficava com medo e via os cachorros lindos passarem sem fazer nada a respeito. Eu já era a Ana que levantava, falava com estranhos e conseguia o que eu queria - umas lambidas desajeitadas de cachorros babões.
Respirei fundo mais uma vez.
“Lá vamos nós”.
Me levantei. Dei a volta e sorri pro dono. Perguntei se podia dar carinho pro cachorro. Ele sorriu. Falou “óbvio”. Me abaixei em direção ao cachorro que já me olhava com aquela cara que já estava curando algo dentro de mim. Fiquei fazendo carinho na sua cabeça e orelhas. Não era um Golden. Era uma mistura de Golden com pitbull. Que delícia. Que focinho! Perguntei a idade, 2 anos. Era fêmea. O dono me falou que era muito dócil. Dava pra ver. Já sentia a bioquímica do meu cérebro mudando - oxitocina sendo produzida em doses cavalares. O mundo já era melhor.
Depois de ter realmente quase abraçado aquele cachorro, ter dado risadas e ter visto um sorriso no dono, agradeci e voltei pra minha mesa.
Respirei fundo. De novo.
Não tinha deixado para 2025 algo que em 2023 tinha dito pra mim mesma que faria em 2024. Algo simples. Pequeno. Mas que começa a definir quem estamos nos tornando. Aquela velha máxima: Quem não é fiel no pouco não será fiel no muito.
Passo a passo me transformo na pessoa que quero ser. A pessoa que entra no mar frio sem deixar para amanhã. A pessoa que dá carinho no cachorro do estranho. A pessoa que faz mesmo com medo.
Hoje, não amanhã.
A vida é tão urgente.
E assim, depois de sentar na minha mesa de novo senti que o mundo era melhor. Eu mesmo meio paralisada fui dar carinho no cachorro.
As coisas eram como tinham que ser.
Que em 2025 você também seja a pessoa que dá oi para o cachorro. Que entra no mar gelado. Que não deixa para amanhã o que tem que ser feito hoje. Agora.
E porque não começar fazendo meu Mapa gratuito para 2025 enquanto ouve minha playlist?
Amei!!
Aproveitando para falar também lindíssima playlist!! Parabéns.