Escrevo essa carta do lado de fora de um dos meus cafés favoritos de Dubai e o tempo está perfeito - com nuvens, leve friozinho e sol. Que alegria!
Sabe, um dos meus grandes objetivos desse ano de 2024 era de escrever mais - algo que hoje eu vejo que eu falhei miseravelmente. Escrevi muito no meu caderno da gratidão, sem dúvidas, mas não escrevi aqui. Algo que eu amo. Algo que me faz bem. Algo que capta bem a essência de quem eu sou.
Sabe, não sei dizer bem o porquê de eu não ter escrito tanto esse ano. Num primeiro olhar, vejo que foi a falta de um sistema que me ajudasse a criar espaços intencionais para isso. Num segundo olhar, eu honestamente ainda não sei. Há tanto a se pensar e aprender ainda com o que já foi.
Ao começar o último mês do ano, começo também meu tempo de reflexão sobre o ano que eu vivi e sobre o que 2024 trouxe para mim. Assim como no ano passado, trarei em breve uma ferramenta para te ajudar nessa jornada de debrifing de 2024 e organização do ano que começa.
O ano de 2024 está sendo e foi um ano diferente do que eu planejei e até quis há alguns meses, em janeiro. Mas, não posso negar que ele entregou seu propósito e muito mais. Esse foi um ano que eu achei que seria de muita ação e resultados óbvios - naquele estilo de plantação mais agressiva que vemos a colheita rápida. Doce engano. Esse foi o ano de retirar as ervas daninhas, de arar e nutrir o solo, de entender o que não posso (ou quero) tolerar na minha vida. De ver uma versão minha se expandindo e se descobrindo e de entender o que fazer com isso. E também de ver uma versão minha que eu não desejo mais, que eu abro mão e a deixo ainda para trás.
Fiz muito menos mentorias que no passado, um erro - visto que que hoje entendo ser uma grande fonte de felicidade e que já decidi que farei mais no ano que vem. Ver o resultado dos meus mentorandos, ver seus sonhos realizados e perceber que ajudei nisso é a grande fonte de luz na minha vida. Meu propósito.
Foi um ano mais na minha, profundo, silencioso. Um ano de caverna.
E apesar de ter sido um ano assim, com menos aventuras que o normal, esse foi o ano que eu encontrei a felicidade. Interna. Profunda. Foi o ano que eu me descobri sendo uma pessoa feliz. Mesmo sem ter os resultados que eu quero ainda. Mesmo ainda estando muito longe de alguns sonhos.
Sei que talvez isso não faça muito sentido, afinal, a felicidade está dentro do pote de ouro que fica no final do arco-íris. Escondida no final da jornada, como um grande prêmio pelos sacrifícios e dores.
Mas, descobri que o pote de ouro está dentro de nós. Escondido no dia a dia, nas coisas pequenas. Logo depois que passamos pelo lamaçal interno de traumas, medos e falta de auto-estima.
É fácil metrificar o valor das pessoas (e até o nosso) pelas conquistas e o que parece ser. Mas, mais cedo ou mais tarde percebemos que essa não é a realidade.
Esse foi um ano que eu voltei para a ONU e passei um ano em Nova York e não escrevi sobre isso aqui. Quanta transformação. Quanto privilégio. Mas também, quanta dor. Desafiador voltar aos espaços que você sempre sonhou e se sentir estranha, talvez até não pertencente. Desafiador entender que meu valor pessoal não está também atrelado a isso. Ah, tanto pra dividir e contar. Tantas descobertas, tantas camadas… Onde é o fim?
Esse foi um ano de morte. Da antiga Ana, onde uma nova está ainda em processo de renascimento. Um ano onde pensei muito sobre isso. Afinal, a morte é a única grande certeza de nossas vidas. Com ela sempre pairando silenciosa sobre nossas cabeças, como realmente criar uma vida cheia de sabor e significado? Como construir uma vida realmente alinhada ao que seu coração acredita e não apenas alinhada ao que seu cérebro foi ensinado que era o correto?
Perguntas e mais perguntas. Muitas possíveis respostas.
Mas, como diria a música: vamos viver nossos sonhos - temos tão pouco tempo.
Começo assim essa jornada de análise, de investigação e de expansão. E espero, te trazer comigo. Para pensar mais sobre o ano que se passou, para o ano que queremos. Mas, principalmente, para a vida que estamos construindo todos os dias. Para o tipo de pessoas que estamos nos tornando. Para a marca que estamos deixando.
Dizem que podemos entender mais sobre quem passou ao analisar a pegada deixada para trás. E assim, dia a dia - com alguns dias escrevendo mais que outros - cuido da minha pegada e dos passos dados. Que eu espero que sejam na direção certa.
A direção que meu coração teima em apontar e meus pés tropeçam ao seu seguir.
A minha própria direção.
Que como num canto de sereia, ecoa pelo ar e meus ouvidos captam algo como:
“O sol está por aqui…
você consegue sentir seu calor?”