125 | A diferença entre take and give (ou porquê a falta de fundações está arruinando sua vida)
15 Novembro, Dubai 2023
Escrevo essa carta de um dos meus cafés favoritos, no meio de um período longo de trabalho por muitas horas aqui, o melhor formato (você já sabe) fábrica de pão, bem como eu gosto.
Hoje, encontrei aqui no café um amigo e conversamos por quase 3 horas. Ele está se mudando de Dubai e começando uma nova jornada na sua vida. Foi uma conversa rica, mas como sempre - eu não consigo evitar - quando a pessoa me pergunta algo, eu começo a responder do meu jeito e vira uma mentoria. É o meu natural se a pessoa dá abertura e pede por isso.
Foi muito legal falar sobre empreendedorismo e ideias bem fora da caixa e adorei a qualidade das perguntas e da troca. Falamos como que não aprendemos na escola e na faculdade o básico, que são as fundações verdadeiras do que importa. Desde gerenciamento do nosso dinheiro, até o entendimento real de como negócios funcionam e bem, do porquê trabalhamos.
Na minha mentoria, eu tenho um encontro específico que eu falo sobre a fundação do trabalho e do porquê trabalhamos. Bom, pode parecer óbvio para alguns que me diriam: “trabalhamos para ter dinheiro, para sermos pagos.”
Sim. Sem dúvida,
mas o que mais?!
As pessoas não entendem a serventia do trabalho em suas vidas para além do dinheiro e o pior, muitas vezes não entendem de fato como que se faz dinheiro. Ao ter esse papo com meu amigo, fiz uma pergunta bem direta: “Como que se faz dinheiro, você sabe?!”.
Foi um truque.
Por como a conversa estava indo, desconfiei fortemente que ele não tinha a fundação de como negócios e empresas funcionam na sua base e bem, como funciona a jornada de ficar rico. E jamais o julgaria por isso. Eu mesma aprendi isso já muito adulta e só porque eu tive mentores e realmente estudei muito o que não era óbvio. Trabalhando com consultoria estratégica entendi que desenvolver modelos mentais para diferentes assuntos era algo útil e importante e fui atrás disso… o que me levou a bem, ser quem eu sou hoje.
Ele respondeu: “You take…”
A verdade é que a resposta dele até era sólida, pelo menos até a página 2. Sem dúvida para uma empresa funcionar e para alguém enriquecer precisa haver um movimento na sua direção, que poderia ser interpretado com “take” ou “pegar” - um ato de receber mais ativo, em troca de algo.
Mas a verdade é que a fundação dos negócios, das empresas e da nossa jornada financeira não começa com take/pegar de maneira nenhuma.
É justamente o contrário! É sobre “give/dar” - e eu vou te provar isso.
Uma empresa só existe porque ela está oferecendo um produto ou serviço para alguém. Alguém que está disposto a pagar dinheiro por isso. E aí acontece essa linda de troca, onde a empresa GIVE algo e aí ela RECEBE dinheiro por isso. Isso é venda. E essa é fundação mais básica de todo o funcionamento da sociedade.
Todo mundo que trabalha em algum lugar, está trabalhando em um lugar que GIVE (oferece) algo para a sociedade. Desde uma empresa de roupas, que oferece vestuário para pessoas que estão buscando roupas e querem pagar pelo o que a empresa está oferecendo, até uma empresa super especializada de peças para paneis solares que oferece essas peças para outras empresas do setor que precisam daquilo.
Há sempre uma troca acontecendo. Alguém (uma pessoa ou empresa) oferecendo algo para outro alguém (uma pessoa ou empresa).
Assim como no jogo da vida - quem aí fez meu workshop?! - o jogo do trabalho e jogo do enriquecimento é um jogo de dar e receber.
Mas, ninguém nos ensina isso. Pelo menos dessa maneira, fácil de entender que representa a fundação de tudo. Entender a fundação das coisas que vai te proporcionar construir a vida que você quer. Ponto final.
Olhe para sua carreira usando essa fundação que eu falei:
Você, como profissional que está no mundo corporativo, por exemplo.
Você vai dar algo (suas habilidades e capacidades de fazer algo) para uma empresa e vai receber dinheiro por isso. Quer receber mais dinheiro?! Quer um salário maior? Fácil. Você tem que oferecer mais e encontrar quem vai te pagar mais por isso. Ou seja, oferecer mais competência, experiência e responsabilidade (em outras palavras, oferecer uma capacidade maior de dar resultados para a empresa) e aí a empresa de maneira muito feliz vai te pagar mais por isso.
Quanto mais você pode dar (trazer resultados para uma empresa), mais ela vai estar disposta a te pagar por isso. E é justamente por isso que funcionários juniores tem salários menores que grandes gestores. Um analista junior pode até aparentemente trabalhar mais que o gestor (apertar mais botões, fazer mais planilhas, etc) mas são as decisões dos gestores, com sua responsabilidade carregada, que realmente impactam o resultado que uma empresa tem. E é por isso que ele ganha mais.
É uma matemática simples.
Se você tiver uma fundação de como as coisas funcionam na sua cabeça.
Por isso fico um pouco impressionada e triste quando as pessoas me dizem que tem medo do futuro profissional e se sentem perdidas. Aliás, isso que me levou a criar uma mentoria também. Porque você sentiria isso, se você entende as fundações de como tudo funciona e se você está aberta a crescer?
São dois ingredientes:
O entendimento de como as coisas funcionam, as fundações bem estabelecidas e uma capacidade analítica alta e
Uma vontade verdadeira de se tornar uma pessoa maior, com capacidade de resultado maior e também aberta a limpar o lixo emocional dentro. Ouso dizer que o maior problema da sua vida é você mesmo. Seus medos, suas dúvidas, sua sensação de estar perdido e nível de clareza quase zero, sem falar do seu poder pessoal quase no lixo.
Essa falta do entendimento de como as fundações e tudo funciona faz com que pessoas invistam em muitos cursos, pós graduações que no fim não a ajudam em nada a fazer mais dinheiro. E sabe porque? Uma praga que eu mesma tinha na minha carreira no começo. Essa ideia completamente torta de que quanto mais coisa eu tiver no meu currículo, melhor. Mais seguro será o meu futuro.
Mas, o que as pessoas não entendem é que as empresas não buscam por profissionais que tenham mais coisa na currículo. Elas buscam por profissionais que saibam fazer o que elas precisam e que estejam dispostos a ganhar o que elas querem pagar. Simples.
As empresas buscam por pessoas que FAÇAM, não só que SAIBAM. Por isso o pânico desesperador nos jovens que estão para se formar e tem uma experiência profissional muito fraca. No fundo eles sentem essa verdade dura e fria:
A verdade de que eles não sabem fazer quase nada.
Falo disso com frequência na minha mentoria.
Pergunto: O que de fato você sabe fazer?
Silêncio e pânico do outro lado. A verdade é que aprendemos a fazer coisas… fazendo. A faculdade e os cursos são úteis para nos ensinar a teoria, mas ela se torna completamente inútil se você não sabe a aplicar na sua vida profissional.
É saber fazer, saber dar que vai te dar a habilidade e a capacidade de receber o que você quer. E é justamente essa fundação que muita gente não entende e que pode até arruinar sua vida e suas chances de conquistar o que você quer.
A carta de hoje é um lembrete do poder de ter mentores, de se cercar das pessoas certas e de realmente focar em ENTENDER o mundo que te cerca. Entender como as coisas, de fato, funcionam e saber se posicionar para isso.
Hoje, eu pergunto o que você possivelmente não quer ser perguntado:
O que de fato, você sabe fazer?
O quão bom é o que você oferece pro mundo?
Faz sentido o que você está oferecendo…
para o que você quer receber?