Escrevo essa carta de um dos meus cafés favorito em Dubai, em uma semana que é uma das semanas mais importantes para mim nesse ano.
Os próximos dias serão intensos, mas também serenos. Os próximos dias prometem ser o que eles serão - sem ser mais, sem ser menos. O interessante é que eu ainda não sei exatamente qual a promessa dos próximos dias, o que de fato irá acontecer. E isso serve como um grande teste, da minha fé na vida, fé em mim e fé em tudo que eu acredito.
A semana de lançamento de nova turma de mentoria sempre é uma semana interessante e muito desafiadora. Parte de mim quer gritar para os quatros mundos: “Ei, estou aqui de braços abertos te esperando! Por favor, preste atenção!”, enquanto parte de mim quer se silenciar e apenas deixar o silêncio dominar.
Me vejo de frente com meus demônios internos, meus maiores medos, me olhando diretamente nos olhos e me perguntando, mais uma vez: porque você insiste em voltar aqui? Respiro fundo. Porque é a coisa certa a se fazer. Porque a cada vez que volto, volto mais forte, mais resiliente. Porque crescer é a força natural da vida. Por mais que seja difícil.
Nunca escondi a dificuldade de fazer o que precisa ser feito em algumas áreas da minha vida. Tirar a mentoria do papel foi literalmente a coisa mais difícil que eu já fiz. E, continuo fazendo. Agora, pela nona vez. E apesar de não ser mais a coisa mais difícil do mundo, ainda me desafia. Quando penso que já superei, hm, lá vem de novo, meus grandes sabotadores internos. Nossos amigos próximos, que todos conhecemos bem. Aquela voz interna que aparece nos momentos que precisamos de força, mas que ao invés de trazer ideias calorosas, trazem consigo aquela sensação de dar frio na espinha. Aquela sensação de que não importa o que fazemos, não seremos bons o suficiente. No meu caso, que não importa o que eu faço, não conseguirei ajudar o número suficiente de pessoas.
Já tive diferentes posturas em diferentes lançamentos de cada turma de mentoria. Mas, aprendi cedo algo importante. Que controle é uma ilusão. É uma ilusão eu achar que trarei as pessoas para minha vida pela força bruta. Pela insistência. Aprendi há muito tempo que a única coisa que eu posso fazer e que é eficaz de verdade é algo simples, mas muito poderoso: eu posso apenas convidar.
Abrir a porta, mostrar o caminho, falar mais com pessoas, e ajudar - ajudar muito. Dar tudo de mim, minha energia, ferramentas e também quem eu sou. Uma humana, uma mulher comum. Que conseguiu já viver tanto e que deseja do fundo do coração que outras pessoas possam viver tanto. Que elas vivam seus sonhos mais loucos, para que aí elas descubram algo que eu descobri há muito tempo: sempre há o próximo sonho. Não há linha de chegada, senão a morte.
Há algo de muito lindo e profundo nessa época que poucas pessoas percebem. Algo que me motiva a passar por esse desconforto de me ver de frente com meus demônios e medos internos. Ao abrir a porta de uma nova turma de mentoria, abro a porta para que novas pessoas entrem em minha vida. Que me conheçam com profundidade. Que me permitam derramar toda a mágica que eu tenho dentro de mim em suas vidas, em suas jornadas. Pessoas que decidem entrelaçar seus destinos com o meu.
Que responsabilidade. Que trabalho! Mas, algo que sempre foi meu sonho. Brinco com algo que é sério, que é real. As vezes me pergunto porque tive um sonho difícil, complexo. Um sonho que envolve outras pessoas acreditarem no meu sonho, acreditarem em mim e aí depositarem em mim uma responsabilidade imensa. Me pergunto se as pessoas entendem de verdade o peso disso tudo. Um peso que carrego com um sorriso no rosto, mas que não é fácil. A verdade é quem eu sou. Eu sou uma mentora. Não consigo fugir disso.
Qualquer pessoa que me encontra na rua ou que toma uma café comigo vai perceber que facilmente qualquer conversa se transforma em uma mentoria. Não só de eu dividindo conhecimentos e ideias, mas também eu recebendo. Sempre pronta para adicionar algo para dentro de mim, pois o que eu mais faço é em seguida dividir tudo isso. Quantas coisas são de fato minhas? Me pergunto se as pessoas entendem o valor inigualável que carregam consigo ao entrar em minha vida, e o quanto cada pessoa que já participou de turmas passadas compreendem o quanto elas contribuíram na minha vida e nas turmas que vieram em seguida.
Um ciclo. Invisível para todos, além de mim.
Nesses próximos dias me abro para receber as pessoas certas na minha vida. A porta está aberta. Pessoas já estão entrando. Sinto uma curiosidade. Quem elas são? O que exatamente elas precisam que eu tenho para dar? O que eu vou aprender? Sinto uma paz. Seja como for, tudo sempre é perfeito. Há uma razão para essas pessoas cruzarem o meu caminho. Há uma razão de elas virem na minha direção. Seja lá o que elas precisem, se elas vem pra mim é porque eu tenho para dar.
Mas, sinto também a responsabilidade. Vejo na minha parede os post-its amarelos da turma 9. Um clássico. Cada post-it contem um nome, um novo mentorando, uma nova pessoa na minha vida, uma nova oportunidade. Mas, vejo os post-it amarelos sem nomes ainda - representando as vagas ainda não preenchidas. Sinto uma responsabilidade enorme pelos dois. Pelos nomes que já estão ali e a jornada que trilharemos juntos. E pelos que estão vazios. Oportunidades a espera. A espera de uma escolha, de uma postura. Me cobro. O que mais posso fazer para mostrar isso para pessoas? O quanto cada pedacinho de papel amarelo pode representar. Uma vida mudada. Um novo país. Uma nova realidade.
Porque não? Vejo resultados das últimas turmas e sei o potencial. No fim, a mentoria é o que as pessoas fazem dela. Assim como todas as oportunidades.
Assim como a própria vida.
Gostaria de fazer mais. Mas, não sei bem o que mais poderia fazer além de mostrar, além de fazer mentorias gratuitas, além de compartilhar. Até anúncios eu já fiz. Uma tentativa de abrir novas portas.
Faço o que posso. Faço o que sinto que preciso fazer. E permito.
Confio.
Nesse domingo, as 19h30 quando eu der boas-vindas para a turma 9, tudo estará bem. Eu dei o meu melhor. Quem tiver que estar lá, estará lá.
Sei que seja como for, tudo estará bem.
Seja com uma parede completa de nomes, com a casa cheia. Ou, seja com post-its vazios e potenciais não vividos. Minha parte estará feita e isso é só o que eu posso fazer. Cada lançamento de mentoria é também eu fazer pazes com isso. Que eu não posso obrigar pessoas a entrarem nos trens da oportunidade. Que eu não posso ajudar todo mundo.
Eu posso apenas abrir a porta.
Seja como for,
tudo estará bem.
A turma 9 de mentoria começará nesse domingo, dia 24/09 e te convido a ver as informações no link e se inscrever. Se você sentir, quero seu nome na minha parede. Vou dar o meu melhor. Saiba disso.