Escrevo essa carta sentada na sala de espera no aeroporto de Abu Dhabi, enquanto espero meu voo pro meu destino dos sonhos - sim, o dia chegou.
Os últimos dias foram… diferentes.
Muitas coisas aconteceram que estão me desafiando e trazendo a tona questões internas minhas. Não me entenda mal, tudo que aconteceu foi incrível - mas, ainda sim, consigo ver com uma certa clareza o quanto que mesmo quando coisas boas acontecem… ainda me sinto desafiada.
Há um tempo atrás tinha comentado que alguém tinha entrado em minha vida. E tão rápido essa pessoa entrou, rápido ela saiu. Sabe, se eu percebo que os valores de alguém não estão alinhados com os meus, hoje sou capaz de cortar o mal pela raiz e não deixar as coisas tomarem maiores proporções por qualquer carência que seja.
Não mais. Não há tempo a se perder.
Mas, como a vida é engraçada, outra pessoa surgiu como um ninja em minha vida. Sem eu nem perceber direito. Nos últimos dias tive um momento incrível com alguém e eu me senti de uma maneira que eu não me sentia há muito tempo. Por sorte, ele não fala português - e nem acho que ele esteja interessado ao ponto de tentar ler isso.
Mas, preciso confessar… wow.
A verdade é que eu sou uma pessoa fechada. Eu não estou em aplicativos para encontrar pessoas e todos os encontros que eu tenho são uma mistura do acaso e um pouco de coragem dos homens de me chamarem para algo - digo coragem porque sei que não sou exatamente a mulher que mais flerta nesse mundo.
E bem, ele me chamou e nos encontramos. Foi um encontro que tirou dois grandes pesos de mim. Primeiro que há um certo tempo que eu carregava comigo a dúvida: será que eu não sei beijar bem?! Há muito tempo eu não encontrava alguém que eu sentia que o beijo era… o que eu achava que poderia ser. Era bagunçado, estranho, desconfortável.
Pois bem, meus amigos, talvez o problema não fosse eu.
Wow. Que sorte a minha encontrar alguém que o beijo encaixa tão bem que eu só querer por mais. Hm, pensando bem… sorte? Será que isso mesmo existe?
Há bastante tempo que eu não saia com alguém que chama tanta atenção por onde vai e que acaba também me colocando no holofote - algo que, para surpresa de muitos, eu evito. Racionalmente, pode parecer que naquele eu tive que desenvolver um jogo de cintura para lidar com isso. Mas, na realidade, me senti tão confortável desde o minuto 1 que eu nem senti que precisava lidar com isso, apesar de notar que isso estava acontecendo. Seus olhos estavam nos meus. E isso bastou.
Enquanto eu carrego com muita gratidão poder ter essa lembrança - e outras, das quais não vou dividir aqui - ao mesmo tempo fica o desafio de ter que lidar com todos esses sentimentos do depois. O que fazer agora que eu vivi isso? Que eu me permiti sentir coisas?
Ai Ai, cabecinha. Que tal você parar de entrar em loop de pensamentos sobre não ser boa o suficiente? Essa direção que não nos serve mais. Isso é tão alguns anos atrás. Hoje, nos amamos muito, lembra? Somos suficiente. Sempre. Não importa nada. Mesmo com a gordurinha do lado, Ana.
Mesmo com a gordurinha.
Ai Ai, coraçãozinho. Que tal não ousar bater mais forte por alguém que não te deu uma única indicação de nada? Por alguém que talvez (e só talvez) não tenha conseguido ver que tirou a sorte grande em ter nos seus braços?
E que tá tudo bem.
A verdade é que navegar pelas águas de encontrar pessoas novas e deixar elas entrar (ou talvez só deixar ver de longe pela fresta) é desafiador. A ideia de romance parece… romântica. Mas, a verdade é que ela pode ser… difícil. Bom, difícil é uma palavra forte. Mas, ela pode mexer com você. Pelo menos, mexe comigo.
Mas, a vida é boa.
E como ela é.
Ela não está nem me deixando pensar muito sobre isso. Não basta eu ter um dia incrível, com alguém incrível, e me sentir incrível. Claro que não. A vida pode trazer ainda uma viagem de última hora… pro seu destino dos sonhos.
/como que eu cheguei aqui?
E hoje, na carta 82, eu posso dizer que estou prestes a viver um sonho que dividi lá no começo….
Estou indo para Roma.
Enquanto leio o meu livro (que obviamente traz a mensagem perfeita para o que eu estou vivendo), resolvo agradecer baixinho por tudo que aconteceu entre nós, mas abrir mão. Nem sempre é sobre ter mais.
Enquanto espero para começar uma viagem de 2 semanas por diferentes cidades da Itália - um dos meus grandes sonhos - com uma das minhas melhores amigas, agradeço baixinho por tudo que me trouxe até aqui.
Eu sei que é só o começo.
Que comecem as cartas diretamente do velho mundo. Afinal, quero que a carta 100 seja no dia do meu aniversário.
Que comece a aventura que vai me trazer tudo que eu preciso - que eu nem tenho ideia do que é ainda.
Que comece a jornada de ida, para que a Ana que volte, não seja mais a mesma.
Assim como foi, quando os lábios dele, tocaram os meus. Será que ele sentiu a mesma coisa?
Talvez não.
Só
talvez.
Fico muito feliz por você Ana, realmente questões românticas são difíceis, ainda estou aprendendo a lidar com elas. Já esperando pelas próximas cartas na Itália, no momento também espero uma carta de aceite de uma universidade italiana.
Ansiosa pra ler tudo sobre a viagem dos sonhos!
E feliz pq seu date foi muitooo bomm. ❤️❤️❤️❤️❤️