Escrevo essa carta depois de um dia tão feliz, completo e em que uma ficha tão grande finalmente caiu na minha vida!
Acordei cansada, como esperado, depois de ter ido dormir tão tarde ontem. Essa semana será assim e eu já aceitei esse fato. Engraçado que eu acordei um pouco impressionada, visto que essa noite eu tive um sonho erótico com um amigo. Somos tão amigos que eu contei pra ele e ficamos rindo sobre isso. Mas, ele me falou algo que me deixou pensativa: que eu era uma mulher capaz de ser carinhosa, mas também agressiva. Ri. Sabia exatamente do que ele estava falando.
Quando pensamos em agressividade, pensamos talvez em violência ou em reatividade. Mas, existe um outro lado. O lado do desconforto que existe quando uma mulher tem uma opinião firme e é capaz de expressar essa opinião. Ou, quando uma mulher simplesmente diz “não” e se mantém firme até o final.
Lembrei de um conflito que eu tive com esse amigo. Confrontei ele depois de comentários seguidos em stories meus que eu senti que eram um pouco debochados - ou que, pelo menos, eu sentia que era aquém ao que eu estava disposta a aceitar de um amigo. Principalmente, um amigo como ele. Juntos, já navegamos diversos conflitos na nossa amizade e até no trabalho, já que fizemos um projeto juntos. Ele sabe exatamente como que eu sou. E eu sei como que ele é. E nessa mistura, com um cabeça dura e eu sabendo ser inflexível… temos sonhos sexuais.
Aí aí.
Mas, o dia de hoje foi um dos dias mais produtivos do mês!
Consegui colocar todos os meus pensamentos em ordem e conseguir fazer muito que estava procrastinando já há um tempo. E hoje, por alguma razão, que eu não consegui identificar qual ainda, uma ficha grande caiu pra mim.
Percebi que estava me autossabotando em relação a um projeto meu. Que apesar de pensar que eu quero muito tirar ele do papel, eu nunca conseguia de fato sentar e fazer algo a respeito. E só percebi isso, porque ao sentar para fazer o que precisa ser feito (com muito atraso) senti muita resistência. Meu corpo queria fazer qualquer outra coisa, menos aquilo. E aí eu entendi e senti a autossabotagem acontecendo ali, na minha frente. Escancarado.
Talvez um dia eu seja capaz de explicar esse processo e a chegar a conclusões mais robustas da raiz disso. Mas o fato é: Houston, temos um problema.
No momento que eu consigo identificar uma crença ou algo que está dificultando a minha vida e meus passos em redução aos meus sonhos, fica a responsabilidade do que farei com aquilo tudo. E bem, não é tão fácil assim.
Já falei muitas vezes aqui, mas todos acham que querem ter sucesso, mas, se forem analisar friamente, com muita profundidade, poderiam acabar percebendo algo que eu percebo como real: as pessoas tem mais medo do sucesso do que do fracasso. No fundo, a ideia de ser abundante, feliz e completo é assustadora - afinal, nossa família provavelmente não teve isso.
E como vamos ser felizes quando as pessoas que mais amamos… não conseguiram ser?
Percebi e senti que a autossabotagem é um movimento contrário a vida. Quase como que se fosse um rio, em que não queremos ir com sua correnteza. Em que não conseguimos confiar na vida. Ou, talvez, por confiarmos demais - e desconfiarmos que o destino pode ser bom - decidimos ir para o lado contrário. Vai que dá certo? Melhor não arriscar.
A jornada de autoconhecimento e expansão é dura e não tem uma linha de chegada. É sobre se manter forte e comprometido com seu processo pessoal. Sobre querer crescer - e ser capaz de pagar o preço por isso. Essas novas descobertas renderam muitas páginas escritas e comecei a sentir um efeito no meu corpo físico. Quase como se uma tensão estivesse se desfazendo.
Depois de muitas horas de produtividade, fui jantar na casa de um casal de amigos brasileiros daqui. Que privilégio ter essas pessoas na minha vida e também de conhecer pessoas novas. Como um outro casal de convidados (não eram brasileiros), que estão morando na Arábia Saudita mas estavam ali de visita. Eles trouxeram seu bebê de quase 1 ano que me encantou muito.
Por ter sido irmã mais nova, não cresci cercada de bebês e ter um ali, me olhando, fez com que eu me sentisse um pouco amendrontada e também feliz. Eu quero um. Por muitos anos neguei esse meu lado e afirmava que eu não queria filhos. Hoje, com mais maturidade, vejo que essa é uma experiência tão incrível - super desafiadora, sem dúvida. Mas, também, uma das experiências mais importantes que eu quero ter.
O dia de hoje foi um dia importante.
Um dia de perceber tantas coisas que eu não tinha percebido. De me permitir olhar pra frente. De permitir me conectar com uma nova versão minha - que não ousa estragar esse fluxo.
Uma versão mais conectada ao feminino, uma versão que se sabota menos e que tem mais força pra vida. Pra fazer. Pra crescer. E pra fazer mais um pouco.
Ter força pra vida é dizer sim, pra que tudo que nós foi dado - como foi.
Ter força pra vida é saber olhar pra dentro.
Ter força pra vida é…
se permitir nadar com a correnteza da vida.
Não mais contra.