Escrevo essa carta já em casa, cansada depois de um dia bem longo e na espera para a última reunião do dia!
Hoje eu recebi um e-mail curioso pedindo para eu fazer upload de documentos da minha empresa num sistema do governo de Abu Dhabi e ao fazer uns stories mostrando isso que eu percebi: eu não contei a novidade ainda!
Isso é realmente algo que eu poderia melhorar na minha vida, sabe. Saber mostrar mais minhas conquistas e o peso das coisas que eu faço - já que isso, acaba também legitimando meu papel como mentora. A verdade é que com tanta coisa acontecendo e com tantas responsabilidades e projetos, eu nem penso muito nisso. E, sendo sincera, parte de mim ainda se sente um pouco acanhada de dividir algumas coisas, já que as vezes, me sinto muito exposta.
É um pouco surreal escrever essa frase, mas eu abri uma empresa no Oriente Médio.
Isso mesmo.
Eu estou sendo sponsor do meu próprio visto de residente nos Emirados Árabes Unidos, sou general geral da minha própria empresa e tenho responsabilidades num país do outro lado do mundo.
A ideia para abrir a empresa surgiu mais ou menos na época do meu último aniversário, quando estava no Brasil. Depois de passar mais de 1 ano e meio viajando ao redor do mundo, de maneira nômade, eu comecei a sentir que eu queria me estabilizar em um lugar. Sabe, ter meu próprio espaço, e ter um lugar onde eu pudesse voltar depois das minhas viagens. Não sei muito bem explicar, mas tive uma forte intuição do que deveria fazer e comecei o processo de procura: como transformar essa ideia em uma realidade?
Foram muitas semanas de pesquisa e reuniões remotas com times de business development de diferentes free zones no país e no final - acreditem ou não, foi resultado de uma meditação - eu encontrei a que se mostrou perfeita para mim. E assim, com todo o processo já iniciado, eu vim para cá terminar todas as burocracias legais de abrir e incorporar a empresa, tirar a licença da empresa e também emitir meu visto de residência. Isso acabou demorando mais do que o planejado - o que também me levou a fazer a misteriosa no Instagram, já que eu não gosto de contar as coisas antes de elas estarem completamente finalizadas.
A verdade é que a empresa ainda está no começo e ainda não dá lucro. O que está tudo bem, porque - e mais uma vez, nem acredito que estou falando isso - eu tenho outra empresa no Brasil que ainda está a pleno vapor. A empresa no Brasil é responsável pelas minhas consultorias e também meus produtos digitais, inclusive, a mentoria.
Durante a própria mentoria eu divido um pouco mais da minha jornada de como que eu me descobri empreendedora e quando que eu entendi de verdade que eu não queria um emprego e sim ter o meu próprio projeto. Dividido, também, os desafios e de como foi difícil transformar tudo isso em realidade e conseguir não só viver da minha empresa, mas como também prosperar e crescer.
O processo de expansão dessa minha nova versão, empreendedora é bem íntimo simplesmente porque foi um processo doloroso. Durante muito tempo eu achei que eu queria algo para minha vida, e quando entendi que queria outra coisa (empreender) eu tive que abrir mão da expectativa de outras pessoas também.
Consigo olhar para trás e perceber como passo da minha jornada foi perfeito para que eu estivesse aqui, hoje. E sendo sincera, esse é só o começo. E se eu te dissesse que as vezes eu perco o sono a noite com a ideia de uma terceira empresa? De novos produtos e serviços? De como eu poderia criar novas soluções?
A verdade é que abrir uma empresa é bem diferente de ter uma empresa de sucesso. Na verdade, uma empresa só tem 3 possíveis destinos. Ou eu (1) vendo a empresa no futuro, ou eu (2) passo ela para herdeiros ou então (3) a empresa quebra. Seja como for, em algum momento, isso tudo acaba - pelo menos pra mim.
Vejo o empreendendorismo não apenas como um método de ter renda, mas principalmente como uma ferramenta de expansão pessoal e também de expressão autêntica. Tive que entender os princípios básicos de como realizar o que eu queria realizar e de como viver tudo aquilo que eu queria viver. E, tive que abrir mão de tudo que não me servia para isso - inclusive opiniões alheias.
Pude viver o mundo corporativo, viver o mundo de projetos e análise para governos, e entendi que queria algo diferente. Foi doloroso conseguir a posição que eu sempre sonhei na minha carreira para entender que eu não estava sentindo o que eu achei que sentiria… e que eu queria mais.
Foram anos para conseguir digerir isso de verdade, e de então, fazer algo com isso tudo.
Os passos dessa transformação ainda são tímidos - e se depender de mim, serão muito reservados - porque a jornada de crescimento não precisa (e nem deve) ser um espetáculo, e sim um processo silencioso, honrado, dividido apenas com aqueles que eu sei que querem meu bem e que desejam meu sucesso.
Nos próximos meses vou dividir um pouco mais do processo, mas nesse momento, já basta a minha própria pressão dos resultados que eu quero ter e do impacto que eu quero gerar.
Hoje, quero te dizer que eu vivo - de verdade - o inimaginável.
A ana de poucos meses atrás jamais pensaria que se tornaria dona e responsável de um projeto no Oriente Médio, e que se tornaria, também, sponsor do seu próprio visto de residente (e do seguro saúde e tudo mais também).
Me permitir viver a minha frase favorita está me levando a novas horizontes.
E apesar de as vezes sentir um frio na barriga, eu não sinto medo. Não tenho nem medo do último cenário (a empresa quebrar), porque eu resolvi viver essa aventura com uma única coisa em mente: crescer.
Seja como for, vou dar meu melhor.
Como eu sempre faço.
Mas, só posso hoje… me permito comemorar e dizer:
eu consegui.
O primeiro passo foi dado.
Só faltam todos os outros agora.