056 | Dubai Fintech Summit, voltas por Dubai antiga & me conhecendo melhor

09 Maio, Dubai 2023

Infelizmente, começo essa carta da mesma maneira que ontem. A escrevendo em um horário obsceno e ainda nem de perto dominando - e melhorando - horário que eu vou dormir. É, ainda há muito trabalho pela frente.

O dia começou com nenhuma surpresa: eu, cansada e acordando em um horário que já é tarde demais para o café da manhã e cedo para o almoço. Eu odeio acordar assim, cansada, me sentindo desnorteada e com uma sensação que o dia já não está começando da melhor forma.

Pude, entretanto, trabalhar um pouco, almoçar e correr para o Dubai Fintech Summit, que estava acontecendo no Madinat Jumeirah. Só conseguir ir hoje, no segundo dia de evento, apesar de eu ter ganho ingressos pro evento - que custavam mil dólares só para comparecer! Peguei a segunda parte do dia e pude andar pelos corredores com os expositores e também assistir painéis.

Quando eu me vi lá dentro, com um crachá que tinha o meu nome, o nome da minha empresa e o meu cargo ali eu realmente quis chorar. Como que eu cheguei aqui? Onde eu tenho a minha própria empresa? Que eu sou dona? E que eu consigo estar nesses espaços. Mais uma vez: /como que eu cheguei até aqui?

Foi bem interessante o pouco que eu vi e lembro que eu anotei uma frase para eu queria dividir aqui: O sistema financeiro antes era sobre pessoas e prédios, hoje é sobre software e serviço - a diferença é que a maioria das pessoas não consegue ver isso.

Realmente, não sei se muitas pessoas conseguem entender o impacto da tecnologia no sistema financeiro e bancário e o abismo que existe entre esse mundo de 20 anos atrás e hoje. Quando foi a última vez que você foi sacar dinheiro? Que fez um depósito deixando um saquei no banco?

Fiquei bem satisfeita com o encontro final, sobre o futuro das Fintech e não vi nenhuma informação nova - sem falar nos dados que eu já uso na mentoria. E eu digo isso, porque fica claro que apesar de eu não estar imersa no assunto ou no setor, isso significa que eu ainda consigo acompanhar o que está acontecendo e participar do debate. Um momento muito legal foi quando ele perguntou quem da platéia tinha feito alguma transação para comprar algo em bitcoin e só 3 pessoas levantaram a mão (comigo inclusa) e as três eram milagres.

Realmente, desafiando as estatísticas.

Conheci, também, pessoas muito interessantes e diferentes lá - pausa dramática para o mistério.

Depois, voltei com a Rafa - minha mentoranda da turma 1 - para a casa dela. A Rafa é uma pessoa muito importante na minha vida e maneira como nossas vidas se conectaram realmente é um filme. Ela me seguia no instagram e resolveu fazer minha primeira turma de mentoria. Então, pude ajudar ela durante o processo seletivo do programa que eu fiz em Dubai - e ela passou! Ela se mudou para cá em setembro de 2021 e hoje ela trabalha no setor financeiro aqui. Sério, ela é um grande exemplo e uma pessoa incrível.

Pegamos nossas coisas e meu amigo se juntou a gente e fomos para a parte antiga de Dubai. Fazia bons meses que eu não ia para aquela região e é um choque de realidade e uma diferença colossal de onde eu moro. Lá, você encontra as lojas mais baratas e também os prédios mais antigas da cidade. A Rafa me levou na costureira dela para ver se conseguíamos transformar uma ideia que eu tive em realidade. Sim, a saga pelo vestido continua.

Ver o meu amigo e ela juntos foi a colisão de dois mundos internos meus muito diferentes mas que se deram super bem. Ainda não acredito que eu realmente levei ele, com menos de 24h em Dubai, o “centrão" de Dubai - que as vezes é um pouco desafiador. Mas, os dois me ajudaram muito e pude negociar o que eu queria.

Andar com os dois por aquelas ruas - tão diferentes do que as pessoas acham que Dubai é - enquanto também pegávamos a Abra para atravessar o creek foi um lembrete das diferenças dessa cidade. Enquanto minha tarde foi em um dos hotéis mais chiques da cidade, fazendo network com profissionais da área de Fintech que pagaram mais de mil dólares para estar lá, a minha noite foi no meio da galera mesmo, enquanto negociava preços de tecidos e tentava não cair do barquinho.

Ficamos lá até tarde e quando voltei para casa, já era quase hora do encontro de mentoria de networking dos mentorandos. Normalmente, eu abro a chamada e depois de alguns minutos, eu deixo eles conversando. Hoje, porém, eu conversei por quase 2h30 com as meninas presentes sobre a minha vida amorosa.

Sim, depois da carta de ontem, passei 2h30 contando as muitas histórias homéricas da minha vida romântica. E assim, muito - mas muito mesmo - modéstias a parte, eu tenho muita história boa para contar. Fui extremamente encorajada a escrever um livro sobre isso e bem, quem sabe. Pudemos debater sobre tópicos interessantes do tipo: quem paga a conta no primeiro encontro? e mais também.

Ter esse tempo para me aproximar dos meus mentorandos e me abrir para que essas pessoas possam me conhecer de maneira mais profunda é um verdadeiro privilégio. Eu realmente sou muito grata por isso tudo. Elas puderem entender, de maneira bem profunda, como que a mentoria existiu, o porquê ela existiu e o quanto que ela representa pra mim e pra minha história.

No meio dessas histórias fantásticas que eu já vivi ao redor do mundo, está apenas eu, uma menina normal, com problemas normais. Com dias bons, e dias ruins.

A diferença, talvez, tenha sido que eu abri mão do que precisava abrir e me joguei de cabeça em uma missão: viver, e viver muito.

Afinal,

existe outra maneira de se viver?