Escrevo essa carta de um café muito lindo que eu resolvi experimentar pela primeira vez, no centro financeiro de Dubai. Sabe, ao mesmo tempo que ir em lugares novos me anima, ainda não consigo encontrar um café com a mesma qualidade do de sempre. E que coisa boa, me transformei no tipo de pessoa que sabe muito bem quais os lugares com café que eu gosto… numa cidade do Oriente Médio.
/como que eu cheguei aqui?
Hoje é um dia especial. Um dia de comemoração. Hoje, a newsletter completa um ano, 365 dias desde que eu enviei a carta 001.
Eu lembro de tudo.
Os muitos meses que eu falava sobre isso com minha mentora e amiga e não conseguia tirar esse projeto do papel. Eu falava pra mim mesmo que era porque eu não dominava as ferramentas e achava tudo complicado. Parcialmente verdade. Mas o que era real era meu bloqueio. Eu tinha algo muito claro que eu queria realizar, mas não conseguia dar o primeiro passo. E assim, meses se passaram.
Essa falta de ação machucava minha auto-estima pessoal. Sabe, quando temos um sonho, por mais que a gente tente ignorar ele e crie mil razões para não estarmos vivendo aquela realidade, nossos sonhos não conseguem se silenciar completamente. Eles ficam pulsando, vivos dentro de nós. Como pequenos fantasmas.
Se os ignorarmos por tempo o suficiente, eles começam a desaparecer até que um dia se transformem em uma memória e um gosto agridoce na boca. Até que boom - eles pulsam novamente.
Fracos, tímidos, menos constantes, mas ainda presentes.
Ouso dizer que nossos sonhos nunca morrem - por mais que as vezes a gente os tente matar nós mesmos, os enterrando em um espaço profundo dentro de nós. Apenas nos tornamos muito bons em ignorar essas batidas que representam a pulsação da vida dentro de nós. E assim, quem morre aos poucos somos nós. Uma morte lenta. Silenciosa. Torturante.
Sabe, hoje eu já tenho um pouco de experiência na vida. Vi e vivi muita coisa. Diferentes países e culturas, transformações pessoais e desafios - mais dos que eu posso contar. Mas se tem algo que eu aprendi na vida é o sabor mais doce que existe: o sabor de tirar um projeto e sonho do papel e fazer algo com ele. De sentir ele vivo em nós.
As vezes ao completar o meu caderno da gratidão (um hábito pessoal) eu ainda fico atônita em como a vida nos dá possibilidades. O meu maior sonho até dois anos atrás era criar um projeto pessoal meu que eu pudesse mentorar pessoas. Mais de dois anos depois, aqui estou: com mais de 250 mentorandos, muitos amigos feitos e vidas mudadas por causa da minha decisão.
Tirar um projeto do papel nos dá força. Talvez, mais que isso - apenas nos dá evidências da força que já temos dentro de nós. Uma força que todos nós temos.
Sonhar, desejar criar é inerente a todos nós. É o desejo de crescer, de fazer, de construir. Existe uma música do filme animado O Príncipe do Egito que representa isso bem para mim. No começo da música ele fala:
A single thread in a tapestry
Though its color brightly shines
Can never see its purpose
In the pattern of the grand design
Em tradução livre, fala que um fio de linha em um tapete, apesar de ter sua cor brilhante, não consegue sozinho entender seu propósito no grande modelo da vida. E essa é justamente a minha filosofia de vida.
Nós jamais podemos entender porque temos alguns sonhos específicos, nossos, íntimos, tão autênticos. Mas, tenho certeza que eles servem o todo e que a sociedade, a humanidade se beneficiaria se seguíssemos essa pulsação, constante em nós.
Acredito do fundo do meu coração que nossos sonhos pessoais, pulsam no coração do coletivo, e que cada um de nós tem um papel a cumprir. E que ao tirar nossos sonhos do papel e agirmos, estamos fazendo não apenas por nós, mas por todos. E hoje, ao olhar pra trás e ver os passos dados até aqui, consigo entender que tudo que sempre pulsou dentro de mim tinha um porquê - que muitas vezes só entendi lá na frente.
Sei que pode parecer um papo meio profundo demais para comemorar um ano de uma simples newsletter. Mas, esse espaço é muito mais do que isso pra mim. Ele é um canal que foi muito difícil de construir - por causa do meu próprio bloqueio pessoal - e que serve como um ambiente de expressão através da escrita, a maneira mais pura que eu tenho de ser autêntica.
Quando eu me sento, abro o meu computador e deixo meus dedos deslizarem pelas teclas, formando palavras e frases que vem de um lugar que eu nem sei direito qual é, eu me sinto viva. Me sinto forte.
Me sinto conectada.
Ontem, pela primeira vez em anos eu me permiti desenhar. Peguei uma caneta e deixei minha mão deslizar pelo papel e criar o que quer que fosse. Era parte de mim que queria ser expressa em algo. Me pergunto porque não fiz isso antes. Me pergunto porque muitos de nós não tiram tempo para a expressão, seja ela como for.
Por que vivemos vidas tão aceleradas, desconectadas, que não conseguimos (ou sabemos) parar por um segundo para criar algo? Por que não conseguimos permitir que algo saia de nós e preencha uma tela, uma folha, o que for? Por que é tão difícil dar os primeiros passos para transformar nossos sonhos - que pulsam dentro de nós - em algo concreto, real… importante?
Hoje, agradeço por esse espaço, e por cada um que já tirou um minuto da sua vida para ler essas palavras. Para se conectar comigo. Algo que parece pequeno, ter meu espaço para escrever e compartilhar, já foi algo difícil, distante e até doloroso.
Hoje, é real.
Exatamente um ano atrás eu estava nessa mesma cidade, nesse mesmo bairro, mas em outro café. Lembro de estar com meu caderno da gratidão do meu lado, do sol, e de ter escrito e simplesmente apertado o botão de enviar. De ter feito. E de como eu me senti depois disso. Me senti como eu sei que nós deveríamos nos sentir. It just… feels right.
Muita coisa aconteceu nesse último ano. Muitas das quais nem nos meus sonhos mais loucos eu poderia prever. E que bom. Viver é isso.
O meu maior desejo para todos que venham a ler isso é que você experimente esse gosto tão doce de ver algo que um dia já foi uma ideia, um sonho distante em algo concreto, na sua mão, na sua realidade. Que você sinta essa força interna que já existe aí dentro de você. Que você deixe isso que pulsa dentro de você viver, crescer. Que você se permita se expressar e começar a ocupar seu espaço no mundo - seja ele qual for.
Por hoje, eu te convido:
e se você… só fizesse?
E para comemorar, resolvi fazer um encontro no Zoom nesse sábado, dia 08 de abril, as 14h de Brasília, para conversar com qualquer pessoa que leia a newsletter.
Vai ser um bate-papo sobre tirar projetos do papel e eu vou tentar servir da melhor maneira a quem estiver lá. O link de acesso está abaixo:
https://us02web.zoom.us/j/89598129466?pwd=d3FYZkJ1cHFFVVlpYWs5RitQcmFIZz09
ps: se você leu até aqui e isso faz sentido pra você, compartilha comigo? Sei que muitos leem e não curtem ou comentam e está tudo bem, mas quando eu recebo uma mensagem com feedback isso me deixa feliz, eu me sinto conectada com quem está lendo.
Queria que você soubesse disso. Feliz 1 ano pra nós!
Cirúrgica e mágica, como sempre. Gratidão, Ana.
Ana você exala inspiração, sempre lembro de uma frase que você já falou algumas vezes “pessoas bloqueadas bloqueiam pessoas”, mas agora cheguei a conclusão que pessoas desbloqueadas desbloqueiam pessoas também 💗