037 | Sobre ter coragem, batalha de dança em Seoul e a turma 7 da minha mentoria
25 Janeiro, Dubai 2023
Escrevo essa carta de um café muito bom, dentro de um dos maiores shoppings do mundo enquanto chove lá fora… estando no deserto. Ah, Dubai.
Ontem eu pude fazer uma das minhas lives no Instagram que eu tanto adoro e hoje ao lembrar disso fiquei rindo sozinha. Eu realmente estava energética - algo que eu gosto - e quero comentar sobre algumas das coisas que eu dividi nessa live.
Entre os variados tópicos, falei sobre a coragem que foi necessária em minha vida para me colocar em posições desconfortáveis e viver meus sonhos. Quanto mais eu penso, mais eu acredito que a grande maioria dos nossos sonhos grandes na verdade estão fora da nossa zona de conforto.
Exemplo: digamos que seu sonho seja abrir uma loja online de algo, mas hoje você nunca vendeu nada. A ideia de se expor e de criar algo em que você vai cobrar dinheiro das dinheiro provavelmente será um pouco desconfortável, apesar de ser uma parte obrigatória para viver seu sonho. Ou, que seu sonho seja ir morar na China. Incrível, até você chegar lá e perceber que não fala a língua e começar a viver perrengues de maneira constante. Isso é um pouco óbvio, afinal, sonhamos com o que não temos e ainda não vivemos.
Esse convite para sair da nossa zona de conforto é algo pulsante dentro de nós, mas que muita vezes pode vir a nos paralisar. Aquela forte de sensação de “eu adoraria, mas…”.
E é justamente minha postura interna de bancar e encarar essas sensações que me levaram aos cantos mais distantes desse planeta, para viver coisas que eu não conhecia pessoas que já tinham vivido. Não me entenda mal, não sou uma super mulher, nem dotada de uma coragem extraordinária. Sou apenas uma pessoa comum que se permitia pensar: “E se o melhor acontecer?”
Ao pensar e refletir sobre meus momentos de coragem, pude lembrar alguns muito marcantes: me mudar para o exterior, fazer um mestrado numa das universidades melhores do mundo em um assunto que eu não era boa, terminar um relacionamento abusivo com alguém que eu amava muito. Todos esses momentos-chave transbordaram de mim e sendo sincera, quando eu olho para trás, eu penso que eu nunca tinha outra alternativa. Era o que precisava ser feito.
Outros momentos já não foram tão filosóficos e não exatamente representam momentos de inflexão na minha vida, mas que ainda são representativos de algo interno, pulsante.
E é sobre isso que eu quero falar: o dia que eu ganhei uma batalha de dança em Seoul.
Eu não sei muito bem como explicar em palavras o que aconteceu de uma maneira que faça jus a um dos momentos mais extraordinários da minha vida, um momento de puro suco de coragem com uma leve pitada do verdadeiro sabor da vida.
Mas, para começar, voltemos no tempo…
para 2015, na capital da Coreia do Sul, onde dentro de uma balada muito famosa (que hoje infelizmente não existe mais) chamada NB1, uma roda se formou com alguns dançarinos fazendo batalhas entre si. Estava com alguns amigos do meu Summer Program que estava fazendo na época, e todos nós ficamos muito impressionados, já que era coisa de filme. Eu, pessoalmente, nunca tinha visto algo assim. Usando minha memória - um pouco nublada pelo Soju -, preciso confessar que os dançarinos talvez não fossem um nível assim super profissional, mas que ainda era impressionante o fato de pessoas simplesmente se colocarem no centro de uma roda de dança e começarem a mostrar seus movimentos.
Por alguma razão desconhecida a todos os presentes naquele momento, a música mudou para Beyoncé e por um leve momento, a roda não tinha ninguém em seu centro. Em um lampejo de lucidez (ou provavelmente outra coisa) eu comentei com uma amiga mexicana: “Não seria incrível se eu fosse lá?'.
E bem.
Foi isso que eu fiz.
Minha memória excluiu quais os movimentos feitos por mim, mas definitivamente giravam ao redor de mexer meus quadris ao som da rainha Bee. E, então, algo aconteceu: todos começaram a aplaudir…
e eu venci.
Não que eu tivesse um oponente claro, mas não tinha muito o que se fazer, já que uma estrangeira vindo do nada, simplesmente entrou na roda e começou a se remexer muito. Acho que - e muitas modéstias a parte - melhor que isso não ficava. E não digo isso nem pela qualidade da minha dança (medíocre, possivelmente), mas pelo fato de eu simplesmente ter ido com uma postura confiante e bem… ter dançado na frente de todo mundo.
Ainda não sei explicar muito bem o que me levou a fazer isso - provavelmente uma mistura de álcool com “só vive uma vez e estou do outro lado do mundo” - mas o fato de que eu fui capaz de fazer algo tão espontâneo, mesmo que isso significasse ter a atenção em mim, me traz orgulho. Eu amo ter histórias para contar. E essa é definitivamente uma dessas.
Quantos momentos muitos de nós não pensamos (mesmo que baixinho): “Não seria incrível se eu fosse lá?'. Seja para começar um projeto, seja para expressar uma opinião, seja para fazer o que quer que você queira fazer… só porque deu vontade e porque sua intuição te levou até lá.
Com só 5 dias para o começo da minha turma 7 de mentoria, me pego pensando sobre como cheguei até aqui, com 6 turmas já entregues e mais de 250 seres humanos que eu fui e sou uma mentora pra essas pessoas. O que começou com um sonho - que eu não tive coragem de ir - começou a se materializar apenas 2 anos depois, quando eu finalmente me permitir começar. Mais 2 anos depois, aqui estou.
Algumas coisas podem ser mais rápidas, do melhor tipo: deu vontade, fui e fiz. E essas se tornam memórias e histórias homéricas de momentos marcantes de nossa vida. Afinal, não é todo mundo que pode dizer (com testemunhas!) que ganharam uma batalha de dança em Seoul.
Já outras coisas não se transformam apenas em histórias da nossa vida, se transformam na nossa própria vida, marcando e dando forma a tudo que vivemos e tudo que nos transformamos.
Ainda tenho muito a melhor em tantos quesitos, inclusive, a ainda permanente (mas tão mais leve) vergonha de convidar as pessoas para ficarem mais próximas de mim e aprenderem de verdade tudo que eu tenho pra dividir na minha mentoria. Quando fiquei pensando se comentaria sobre o final das inscrições aqui hoje, me veio a linda frase: “Não seria incrível se eu fosse lá?' e percebi que seria importante abrir mais essa porta para alguém.
E saber, que se pelo menos 1 pessoa, abrir e atravessar essa porta, teria valido a pena.
Nunca sabemos o que pode acontecer quando resolvemos simplesmente ir. Simplesmente fazer. Simplesmente acreditar.
Mas, acredito muito que:
do outro lado do medo está a mágica.
Se você sentir e puder,
te receberei de braços abertos.
Assim como as pessoas que um dia me aplaudiram por ter ido dançar na frente de todo mundo, te aplaudirei por você ter escolhido crescer e focar em si. Seja como for:
Do outro lado do medo está tudo que você quer.
O link com todas as informações da minha turma 7 de mentoria está aqui. Espero de verdade que você leia e considere no seu coração.
Oi Ana! Como sempre, texto maravilhoso! Me lembrou muito de um canal no YouTube que acompanho, e acredito q vc deva conhecer também, Yes Theory.
Ótimas reflexões!
Bjs