Escrevo essa carta da mesa da minha sala, no meu apartamento aqui no Oriente Médio - algo que sendo sincera, ainda me choca de poder dizer isso.
A última semana foi uma das semanas mais produtivas da minha vida. Pude escrever páginas e páginas de reflexão sobre 2022 e também refletir sobre o que eu quero para 2023. Ao preencher essas páginas, não pude me conter e senti uma profunda gratidão por tudo que se passou.
Dia 01 de janeiro de 2022 foi um dos melhores dias da minha vida.
Tive um piquenique lindo, com pessoas incríveis e que me inspiram muito, numa praia paradisíaca do México, cercada exatamente do que eu queria: praia e montanha. Ao ver o primeiro por do sol do ano, não conseguia acreditar que finalmente estava começando a me sentir eu mesma, depois de um 2021 lindo, mas muito difícil emocionalmente.
Ao olhar tudo que aconteceu em minha vida, mês a mês, minha boca se abriu em choque. A verdade é que 2022 foi um ano impossível. Tudo que eu vivi eram coisas totalmente impossíveis para a minha versão de 3/4 anos atrás. E honestamente, ao tentar juntar as peças, eu não tenho ideia de como tanta beleza se materializou na minha vida. Racionalmente, consigo apontar as ações e o passo a passo que me ajudaram na jornada, mas ainda não consigo entender bem de onde veio a força interna para ter a coragem de seguir essa jornada, de realmente decidir e saber receber tudo isso. A coragem acreditar em mim e voltar a ser a melhor versão de mim.
Em 2022, eu pisei em 18 países. Alguns, por muito tempo, outros, algumas cidades por alguns dias e o Oman, por exemplo, só passei de carro.
Em janeiro, pude passar o mês inteiro no México - um país, do qual, eu amei muito e decidi que voltarei muito no futuro. Além de ter conhecido pessoas que me inspiraram demais, pude reencontrar uma amiga do passado e ter realmente explorado as cidades de Puerto Vallarta, ido para Guadalajara e ver o lago Ajijic. Além disso, lancei a turma 4 da mentoria e a segunda turma da mentoria avançada. Vi baleias pertinho da praia enquanto tomava sol, tomei uma das melhores cervejas da minha vida com o host do meu airbnb e vendi uma foto analógica minha como um NFT, me tornando uma fotógrafa já paga (outro sonho realizado).
Em fevereiro, comecei o mês na Colômbia, onde pude conhecer mais Medellin e pude tomar um dos melhores cafés da minha vida. Surpreendentemente, a Colômbia exporta seus melhores grãos de café, então encontrar um café bom de verdade foi um desafio. Também, um dia a noite comprei uma passagem para ir para Cartagena no dia seguinte de manhã - um recorde que eu ainda não bati. Foi uma viagem que eu fiz sozinha e que eu ainda fui sozinha num dos melhores restaurantes da América Latina, o Celele. Se teve algo que eu aprendi esse ano, foi fazer o que eu queria fazer - o que muitas vezes significava fazer as coisas sozinha. Não que isso seja fácil, lembro com detalhes da minha decisão de ir em um bar num terraço para ver o por do sol e mandar mensagens de aúdio para a Renata falando o quão eu estava com vergonha e que precisava desabafar e parecer que eu estava ocupada.
Eu também não sou de ferro.
Depois disso, voei para o Uruguai, onde encontrei a Renata em Montevideo. Cheguei de madrugada e ainda lembro de estar no taxi e vendo o nascer do sol pela praia. Depois de alguns dias, pegamos o barco para a Argentina, parando em Colônia do Sacramento no caminho, antes de chegarmos em Buenos Aires, onde conseguimos aproveitar nossos momentos na capital. Essa foi nossa segunda viagem internacional juntas, já que Renata me visitou em Dubai em novembro de 2021. Depois de quase 3 meses fora, voltei para o Brasil, onde pude ir para Porto Alegre, minha cidade natal, onde ajudei minha mãe a desocupar o apartamento que eu cresci. Pude também rever amigos e perceber, de maneira dura, o quão feliz eu sou por ter decidido uma vida fora da cidade onde eu nasci. Fevereiro foi um mês diverso, mas feliz. Fiz um encontro da minha mentoria com meus mentorandos em Porto Alegre, fui no meu restaurante favorito de Porto Alegre com minha mãe e ainda consegui ir para Gramado, em um dos meus hotéis favoritos do mundo.
Março, voltei para a estrada. Depois de um encontro com meus mentorandos em Brasília, fui para os Estados Unidos visitar uma amiga em Charleston, onde pude conhecer uma das cidades mais pitorescas e de filme americano que eu já vi. Juntas, fomos para Chicago, onde vimos o show da Billie Eillish. De lá, fui para Nova York, onde encontrei minha irmã, onde pudemos aproveitar juntas a primeira viagem da minha irmã pós pandemia. Peguei um vôo e atravessei o Atlântico para os Emirados Árabes Unidos, onde voltei para Dubai para um evento do meu antigo trabalho. Fui convidada para uma das corridas de cavalos mais caras do mundo e pude usar aqueles chapéus que vemos em filmes - uma experiência que não vou esquecer tão cedo. Nessa viagem, me apaixonei também. E muito. O mais louco foi que eu me apaixonei a primeira vista. Foi arrebatador. Pude, também, ver o último dia da Expo 2020, um evento que ainda nem acredito que pude trabalhar e participar.
Em abril, continuei em Dubai onde eu comecei essa newsletter que eu realmente amo e que se transformou um espaço para dividir e guardar memórias. Pude aproveitar o Ramadan por aqui de novas formas, o que me deixou muito feliz. Poder vivenciar novas culturas realmente faz com que eu me sinta vida. Fui, então para a Coreia do Sul, onde encontrei minha mãe em Seoul. Voltar para esse lado da Ásia foi um grande prazer, ainda mais por eu ter ido pela Ethiopian Airlines e por ter visto uma diversidade incrível no aeroporto de Adsis Ababa, capital da Etiópia.
Estar em Seoul, foi um lembrete de uma época da minha vida muito gostosa e importante para mim. Ainda é um pouco inacreditável que eu já morei e até um mestrado nesse país, e o fato de eu conhecer bem as ruas de uma capital de um país tão distante do Brasil. Pude voltar pro meu tempo budista favorito, do qual eu já passei muitas horas da minha vida rezando pela minha recuperação das minhas crises de ansiedade e pânico. Dessa vez, apenas agradeci.
Poder voltar com minha mãe para Incheon também foi um prazer, onde pudemos nos hospedar no hotel dos sonhos dela. Nessa viagem, pude também provar pra mim mesma que meu medo de altura estava vencido, quando nos hospedamos em Seoul em um hotel que nosso quarto ficava no andar 97. Uma loucura.
Maio começa com meu retorno para os Emirados Árabes Unidos, dessa vez indo para Abu Dhabi com minha mãe, onde eu descubro num dos meus lugares favoritos do mundo a minha origem genética. Descubro que além de ser 33%. portuguesa, sou 20% de Camarões e Congo e 11% espanhola. Saber mais da minha ancestralidade foi importante para mim e fiquei muito feliz em ver minha diversidade interna também. Eu nasci no Brasil, mas parte de mim, que corre nas minhas veias, sente que eu pertenço ao mundo. Esse foi um mês de aproveitar momentos com minha mãe em Dubai também, e até de fazermos um encontro ao vivo com minha mãe no dia das mães para a minha mentoria. Além de ir assistir uma orquestra no Dubai Opera, encontrei em um restaurante de Dubai uma mentoranda minha que me reconheceu. Foi um dos momentos mais surreais - eu realmente não conseguia acreditar. Lancei também a mentoria 5 e no dia 30 de maio, dia de abertura dessa nova turma, eu senti algo que eu nunca vou esquecer. Uma força, uma energia e uma certeza. Esse dia foi importante e impactante para mim.
Junho começou com uma mudança de ares, onde fui para a Espanha encontrar a Renata em Madrid. Andar com ela por essas ruas e ver nossa vida foi algo indescritível. Estávamos vivendo a vida que sonhamos muitos anos atrás - uma vida que parecia muito difícil e impossível de se viver. Fomos juntas para a França, conhecer mais de Paris e também a Disneyland Paris onde vivemos o capitalismo americano num novo nível elevado.
Fui chamada para uma roadtrip pela Europa que quebrou muitos paradigmas internos meus e que me levou de volta a Bélgica. A vida as vezes trabalha de maneira misteriosa mas ela jamais erra, disso eu tenho certeza. Poder voltar para Brugge, Ghent e Bruxelas foi importante para meu processo de cura interna. Fomos para a França, onde pude ir para Strasbourg e Nice, além de ter conhecido Luxemburgo, andando de carro pelas autobhan da Alemanha, ter feito quase toda a Suiça de carro, conhecendo Zurique e Vals, ido para a Itália (minha primeira vez lá!) onde pude finalmente conhecer o Lago Como além de ter conhecido Portofino. Para terminar a viagem, passei 2 dias em Monte Carlo, em Mônaco. Tudo isso feito com um grupo de amigos dentro de um carro de esporte. Esse foi realmente um ano impossível e junho já me mostrou isso. Terminei o mês de volta a Madrid onde pude ir para Toledo com a Renata, uma das cidades mais charmosinhas que eu já fui.
Julho começou com uma ida para Porto, em Portugal, para assinar papéis do trabalho e com a grata surpresa de uma cidade tão linda e de um reencontro com um amigo do colégio. Esse foi um mês do avanço da energia empreendedora na minha vida e marca uma época importante para mim. Em seguida, fui para a Finlândia, onde pude conhecer Helsinki antes ir para Tallinn, na Estônia, onde passei mais de 2 semanas participando de um evento da Mindvalley.
Estônia foi diferente para mim, onde apesar de ter reencontrado minha mentora e de ela ter topado fazer uma imersão comigo no futuro, também encontrei sombras profundas que tive que trabalhar ao estar lá. A verdade é que viajar sozinha pode ser desafiador para alguém como eu - que acreditem ou não - tem dificuldade de fazer novas amizades e de me abrir com novas pessoas.
Segui para Paris (ainda não acredito que fui 2x esse ano e que hoje conheço razoavelmente bem a cidade) onde participei de eventos de tecnologia e blockchain, e pude reencontrar um amigo que eu apresentei para uma empresa conhecida. A verdade é que julho foi um mês difícil e eu não estava muito bem internamente. Um amigo de infância me chamou para ir para Firenze, na Itália, para visitar ele por uma semana. Acabei ficando três semana e entrei agosto nessa área do mundo.
Eu sempre sonhei passar um tempo na Itália, e Firenze sem dúvida é um dos lugares mais lindos do mundo, mas ao mesmo tempo, passei por muitas catarses internas e momentos que eu não me sentia tão bem. Há razões pessoais para isso, mas a verdade é que há algumas feridas que se tatuam sem tinta. Nesses dias na Itália, pude ir para a cidade Poppi e também visitar CinqueTerre, um sonho italiano.
No meio do mês, voltei para o Brasil, onde encontrei com minha mãe em Foz do Iguaçu, fui as cataratas, encontrei minhas mentorandas lindas (sendo 2 delas do Paraguai que foram me ver!) e realmente aproveitei meu país. De volta a Brasília, pude ir no Palácio Itamaraty, onde encontrei outra mentoranda minha por acaso, e pude passar meu aniversário no Rio de Janeiro, em um dos meus lugares favoritos do mundo.
A volta ao Brasil e a minha família foi boa para mim e também foi importante. Senti exatamente o que eu queria sentir no meu aniversário e também realizei a primeira imersão com minha mentora e amiga, Larissa. Poder dividir isso com ela foi algo que me trouxe muita gratidão. A Lari é uma pessoa que está na minha vida não apenas para ficar, mas que agrega muito valor de inúmeras maneiras. Ainda bem que eu mandei uma mensagem pra ela lá no meio de 2021 e que a vida nos uniu dessa maneira.
Setembro foi um mês importante para mim, onde além de aproveitar Brasília com a minha família, pude ir para Miami e Orlando com a Renata. Aproveitar o show da Lady Gaga e também voltar para a Disney, onde nos conhecemos, foi realmente muito lindo pra mim. Poder nos hospedar em um hotel legal, ver animais, aproveitar os parques e relembrar tantas memórias é realmente uma benção. O mês também foi importante porque uma ideia importante surgiu, que estava marcando o meu dezembro e foi também porque trouxe um novo integrante para a família: Loui, um buldogue francês que minha irmã adotou.
Outubro foi um mês de lançamento da mentoria 6 e onde tive uma viagem espontânea com minha irmã para Nova York, depois de uma promoção louca de passagens. Voltar para a cidade da maça, trabalhar de cafés de lá e só andar pelas ruas foi muito gostoso. Amo dividir momentos assim com a minha família. Na volta ao Brasil, tive o prazer de ter sido convidada para uma palestra em Sorocaba e ainda consegui aproveitar São Paulo onde fiz o maior encontro da minha mentoria até aqui. Outubro também fiz a primeira cirurgia da minha vida, onde retirei o óculos de grau - com uma recuperação super fácil!.
Novembro foi um mês mais de acolhimento, onde cuidei da minha saúde, cuidei da minha imagem pessoal, comprei roupas novas (algo que eu raramente faço) na Black Friday, e fiquei com o Loui caminhando muito durante o por do sol. Essas semanas de reconexão com a minha família são importantes e necessárias para mim, visto que um dos grandes valores pessoais que eu tenho é justamente a família. Além de me reconectar com alguns mentorandos, pude começar dezembro já certa dos próximos passos da minha vida. O que me levou a pegar um avião rumo a Dubai, onde de uma maneira absurda todos os astros se alinharam para eu estar exatamente onde eu estou, digitando essas palavras e contando do ano absurdo que eu tive.
Ao escrever essas palavras dos últimos parágrafos me peguei pensando se deveria publicar essa carta. O ano foi tão incrível que não posso evitar a sensação de ser errado dividir tanta coisa. Sinto um receio de ser mal interpretada, de parecer que eu quero apenas usar esse espaço para me mostrar, mas também, não posso ignorar que eu realmente desejo do fundo do meu coração tudo que eu tive e mais para todas as pessoas. A vida merece ser boa. Merecemos viver tudo de bom.
A verdade é que talvez o sucesso tenha que ser celebrado e dividido. E meu maior sucesso esse não foram as viagens ou poder ter visto o mundo com meus olhos. Não foi nem a minha mentoria - a grande paixão da minha vida - nem qualquer outra coisa.
Foi o fato de que eu melhorei.
De que eu superei um momento muito difícil da minha vida, e que eu dei passos importantes para me sentir merecedora de amor. Que eu finalmente voltei a me sentir eu mesma.
E por isso, eu sou muito grata 2022.
Você foi exatamente o que eu precisava… e muito mais.
Que 2023 seja exatamente isso: o que eu preciso.
Seja como for,
te acolho de braços abertos.