Escrevo isso da minha escrivaninha de Brasília.
Estou para escrever essa carta há alguns dias e quero contar uma novidade na minha vida e as consequências dela que eu estou vivendo: eu aposentei os meus óculos de grau!
A verdade é que eu me descobri míope desde os 12/13 anos e então os óculos me acompanham em tudo. O que começou com um grau super leve de 0.25, aumentou até os 2.0 desde os meus 20 anos - e ficaram assim desde então. De alguma forma, eles viraram uma parte de mim e de quem eu era.
Como toda a pessoa normal, parte do meu passado me condena, e várias escolhas de óculos que no passado não me favoreciam, mas que hoje eu consigo dar risada. Realmente, cada óculos na minha jornada representa diferente memórias. Até tentei e usei lentes de contato por um tempo, até que em 2015 eu tive um problema sério depois de ter dormido de lente que me levou a emergência oftalmológica e também me levou a viver uma semana de puro caos. Como resultado da minha lente e desse incidente, cheguei num momento que meus olhos ficaram tão sensíveis que o meu próprio médico me disse que se meus olhos não melhorassem em 24h, ele colocaria meu nome para receber transplante de córnea. Caos. Felizmente, me recuperei mas desde então evitava usar lentes de contato.
Eu não sei explicar muito bem o que aconteceu comigo, já que há alguns anos minha mãe me perguntava se eu não tinha interesse em fazer a cirurgia de correção da miopia e eu sempre dizia que não. Era a possibilidade de "resolver isso” de maneira simples. Olhando para trás, percebo que eu nunca tive medo da cirurgia e não consigo explicar o porquê da minha recusa por tanto tempo.
Minha melhor teoria seria de que o óculos virou parte de mim e também servia como uma espécie de proteção. Hoje, sem óculos, percebo que ter algo no meu rosto servia como uma camada que me protegia do mundo exterior e que também me permitia “me esconder” atrás de algo. É sútil, mas hoje percebo que é verdade - pelo menos para mim. Nos primeiros dias, sem óculos, me senti nua - como se algo importante estivesse faltando em mim.
Eu me senti exposta.
No meu círculo mais íntimo e na minha própria mentoria, já dividi sobre uma terapia diferente que eu estou fazendo de desenvolvimento pessoal. Desde que eu comecei, há cerca de 5 meses, muita coisa mudou em mim. Algumas mudanças grandes, óbvias, outras menores, mais sutis. Acredito que essa procura por me desenvolver e de realmente ter uma busca ativa de “ver” melhor o meu mundo e a mim mesma, me levou a querer ver melhor o exterior também.
Como disse, ainda não sei bem explicar o que aconteceu, mas um dia eu simplesmente acordei com a certeza interna de que queria fazer a cirurgia de correção da miopia e de queria abrir mão dos meus óculos de grau. Foi uma consequência de uma mudança interna, e em menos de um mês, já estava sem óculos.
Segundo o meu oftalmologista, existem dois tipos de cirurgia de correção da miopia, e depois de uma bateria de exames, tive a grata notícia que poderia fazer a cirurgia mais simples, a LASIK. A verdade é que eu estava muito calma, até durante o procedimento e que não doeu nada. Mas, já fica o aviso, apesar de ser muito rápido (menos de 5 minutos por olho!), o procedimento é um pouco agonizante já que nossos olhos ficam abertos e estamos “vendo” tudo que acontece.
Seguindo a recomendação de uma amiga que já fez a LASIK também, vi o vídeo da cirurgia apenas após ter feito eu mesma. E que escolha acertada! Claro que quando falamos para as pessoas “não faça algo”, o nosso cérebro interpreta isso como um convite explícito para justamente fazer isso. Mas se você usa óculos e pensa em fazer a cirurgia, não veja o vídeo. Ele não vai te ajudar em nada. Acredita.
A recuperação foi super fácil e no dia seguinte já estava praticamente totalmente recuperada. Usei vários colírios por muitos dias, mas nunca senti nenhum tipo de dor. Na verdade, o nosso olho é a parte do corpo que mais se recupera com rapidez. A única coisa que eu senti - que já era esperada - foi uma leve secura nos meus olhos. Além disso, percebi que de perto não estava vendo tão bem quanto eu via antes. Ao perguntar com meu oftalmologista sobre isso, ele me disse que isso é normal, já que hoje eu tenho uma “visão normal” e que míopes que enxergam muito bem de perto. Ele até me falou uma frase que eu nunca vou esquecer: “você perdeu seu superpoder, Ana". Em retrospectiva, eu realmente uma visão excepcional de perto. Mas, um pequeno preço a se pagar que eu pago feliz e grata.
Eu nunca vou esquecer a minha primeira vez indo caminhar durante o por do sol já sem óculos e como que eu me senti. Além de estar vendo tudo numa qualidade “HD” muito superior, percebi que por anos estava vendo a vida pela janela dos óculos, como se visse tudo através de um quadro, limitado. Eu realmente senti a mudança, e apesar de no começo me sentir “exposta", eu também me sentia livre.
Me sinto feliz com a minha decisão e também sinto de maneira profunda que o fato de eu não usar mais óculos é apenas uma consequência de movimentos internos, profundos, que hoje me levaram a “ver” o mundo de maneira melhor.
Essa nova visão que estou tendo faz com que eu me sinta no caminho certo, de expansão, mudança e crescimento. Quanto mais eu vejo, mais me transformo e mais eu posso ser.
Hoje, me despeço dos meus óculos que me marcaram tanto a minha jornada.
E me abro para uma nova fase…
me sentindo meio exposta,
mas com coragem para ver melhor.
Grande decisão, que te entrega mais plena ao mundo, sem proteção e liberta para sua plenitude. Parabéns! Quando a visão de perto, creio que ela ficou no alcance do comprimento de seu braço (kkk), e um truque quando se deseja enxergar algo de perto e não está conseguindo é aumentar a luz (até a do celular resolve). Sucesso, sempre!!!