025 | Cafés ao redor do mundo & andando pelas ruas de Manhattan
18 Outubro, Nova York 2022
Começo essa carta de um dos meus cafés favoritos de Nova York para trabalhar, um verdadeiro achado na Park Ave com a 31st chamado Felix e que acreditem ou não, tem um banheiro excelente. Uma raridade nessa cidade.
A vida realmente tem a capacidade de nos surpreender, se nos abrirmos para isso.
Ainda um pouco em choque do fato de estar escrevendo essa carta de um café que eu adoro, o qual eu estava cerca de 6 meses atrás trabalhando também. Minha vida realmente se transformou em ter cafés favoritos ao redor do mundo, e trabalhar deles de alguns em alguns meses?!
Não tenho certeza se já contei essa história aqui nas minhas cartas, mas hoje quero relembrar de um fatídico dia no meio de 2018, em Shanghai. Eu estava terminando meu mestrado em Economia pela universidade de Fudan, que era meu segundo mestrado internacional e estava confusa dos próximos passos na minha vida.
O esperado de mim era aplicar para diferentes empregos, me alocar na melhor oportunidade possível e trabalhar. Simples. Comum. O caminho de todos nós.
Mas, eu estava inquieta e eu fiz algo diferente.
Eu sigo uma coach do Vietnã há alguns anos nas redes sociais. Ela foi diretora da AIESEC Internacional há alguns anos e um post dela viralizou pelo seu relacionamento com seu namorado brasileiro da época. Ela tinha disponibilizado um encontro com ela de graça, para pessoas “experimentarem” seu método, para quem sabe no futuro fechar um programa completo com ela. Apesar de saber que eu não teria dinheiro para de fato ter ela como coach, me inscrevi para esse um encontro grátis.
Eu não sei como explicar isso, mas sabia que ela poderia me ajudar. Ela tinha vivido o que eu queria viver (de viagens e profissão) e eu sempre quis me aproximar de pessoas que já tinham vivido o que eu queria viver. Além de que eu sentia que as coisas que ela falava faziam sentido, apesar de não conseguir ainda incorporar tudo aquilo na minha vida.
Nosso encontro de 1h mudou minha vida.
Ao fazermos um exercício específico de meditação sobre como eu queria que minha vida fossem em 3 anos, eu me vi trabalhando de um café em Roma. Me vi sentada em uma mesa, com um café latte do meu lado e uma grande janela de vidro enquanto uma cidade vibrava do lado de fora.
Aquela visão preencheu meu coração, mas também me trouxe uma tristeza grande.
Hoje, faz sentido pessoas trabalhando remotamente do seu computador ao redor do mundo. Em 2018, numa época pré pandemia, isso ainda era pouco difundido e, honestamente, naquela época eu não conhecia ninguém que vivia isso.
Acelera para 2021 - e muitos desafios no meio.
Comecei a viajar ao redor do mundo e trabalhar de cafés. Ainda não cheguei a Roma (mas já fiquei quase um mês em Florença!), mas hoje tenho indicações de cafés ótimos para trabalhar em mais de 17 países - o número de países que eu visitei nos últimos 12 meses.
Consigo olhar pra trás e ver os grandes momentos que mudaram a minha jornada e me trouxeram até aqui, mas ainda não consigo explicar com detalhes a mágica da vida que me impulsionou até tudo isso. Mas, sei que somos capazes sim de viver a vida que queremos… mesmo quando ela as vezes não parece possível.
Conhecer pessoas diferentes, que me deram o espaço seguro para sonhar mudou minha vida. Me cercar de pessoas que vivem seus sonhos, me incentiva a continuar na jornada de viver o meu.
Sabe, ao caminhar pelas ruas de Soho hoje, com um céu azul e aqueles prédios no maior estilo Friends, não pude ignorar a forte sensação que tive correndo pelo meu corpo. A sensação de felicidade e de gratidão, mas também a sensação de desafio e de enfrentamento com comportamentos antigos. Eu ainda tenho momentos de dificuldade de aceitar minha realidade e ainda me conecto com medo e escassez. Não é mais tão comum, mas ainda está lá. Presente.
Existe um alinha tênue entre sentir que você vive a vida dos seus sonhos e que ela é a sua vida de verdade. E, pode ser desafiador entender que esse não é um sonho do qual você vai acordar a qualquer momento.
Mas, como eu falei ontem: tudo pode acontecer.
Durante meu almoço com minha irmã no Balthazar, vi um homem alto que era a cara do Eddie Redmayne - que fez vários filmes, inclusive Fantastic Beasts - e fiquei: wow. Ao comentar com minha irmã, ela me falou que na verdade era ele mesmo, e que ela tinha visto quando ele chegou no restaurante com um grupo de pessoas.
Poder passar a tarde no Soho, em um lugar tão incrível e cercada de pessoas das quais eu não encontro normalmente no meu dia é algo que só uma cidade como Nova York pode oferecer.
Me sinto inspirada a conquistar mais, a ser mais e a fazer mais. Um misto de inspiração por estar cercada de tantas pessoas que fazem. Existe um porquê de essa cidade ser considerada uma das capitais do hustle culture. Algo que eu não exatamente quero para mim, mas que inegavelmente tem seu espaço em períodos da nossa vida.
Seja como for, sou grata pela pessoa que estou me tornando e pelos desafios que aceitei para chegar até aqui. Se no momento tenho indicação de cafés bons para trabalhar em 17 países, em breve serão 50.
Afinal, isso não é mais uma sonho. É a minha vida.
Que você possa sentir isso também.
Não desiste.
Vale a pena.