022 | 10 anos da minha história de Disney (ou quando tudo começou a mudar pra melhor depois de trabalhar pro Mickey)
24 Setembro, Orlando 2022
Esses últimos dias tem sido cheios de emoções, para dizer o mínimo. Apesar de já estarmos falando de fazer essa viagem para Orlando há um bom tempo, eu e minha amiga Renata fechamos os detalhes há poucas semanas - e sendo sincera, não consegui me preparar emocionalmente para vir para cá.
A verdade é que Orlando representa uma fase muito importante da minha vida, e marcou o começo de grandes mudanças na minha vida.
Em 2012, quando entrei na faculdade, eu tinha uma única certeza: faria o ICP (International College Program) para trabalhar na Disney, assim como minha irmã já tinha feito.
Depois de 2 anos fracassando no vestibular, a ideia de finalmente entrar na faculdade e poder aplicar foi uma das minhas razões de felicidade - apesar de não estar na faculdade que na época achei que queria. Lembro claramente de na minha primeira semana de aula, ir falar com o diretor do curso e já avisar: “se tudo der certo, no final do ano terei que faltar potencialmente as 2 últimas semanas e fazer provas antes do calendário normal. Você pode me ajudar?!". Ele riu, mas concordou. Tempos depois ele me falou que gostou da minha postura de planejamento. Engraçado pensar que eu entrei na sala dele diversas vezes pedindo ajuda não só para esse intercâmbio, mais para mais 3 também durante a graduação.
Lembro claramente também de meus colegas de faculdade não terem ideia da existência desse intercâmbio de trabalho nos Estados Unidos (na Disney em Orlando!) e de muitos ignorando quando eu falei que estava aplicando. Por alguma razão essa oportunidade simplesmente não parecia interessante para a grande maioria das pessoas ao meu redor.
Engraçado como estou rapidamente me tornando aquelas pessoas mais velhas que contam histórias de “como no meu tempo as coisas eram diferentes”, mas bem, elas eram. A verdade é que eu só soube da existência desse intercâmbio pela minha irmã, que fez em 2007. Sim, mal posso acreditar que fazem 15 anos que minha irmã foi e que demorou 5 anos para eu poder ir também - já que precisei esperar entrar na faculdade para poder fazer. O mais louco? Minha irmã descobriu essa oportunidade num cartaz na sua faculdade.
Sim, um cartaz numa parede mudou minha vida para sempre.
10 anos atrás, em 2012, tínhamos as informações do processo seletivo pelo site da STB (que facilita o processo no Brasil) e também pelo esforço dos participantes em grupos do Facebook - conhecidíssimos há alguns anos - chamado de Future Cast Members. Grupos dos quais, eu mesma já participei de vários e divulgava informações do programa para os "novatos” com os textos do meu blog. Álias, saudade Blog. Alguém aí é do tempo do Just Go Poppi?
Infelizmente, o processo seletivo só acontecia presencialmente em algumas cidades do Brasil e eu tive que viajar para o Rio de Janeiro para participar das entrevistas ao vivo, em inglês. Lembro vividamente do meu nervosismo e do meu medo ao perceber que muitas pessoas já se conheciam (descobri sobre o grupo depois!). Lembro do meu nervosismo de ter que viajar sozinha e os esforços financeiros da mãe para fazer isso acontecer. Assim como minha irmã, me hospedei na casa da família de um colega de trabalho da minha mãe. O perrengue era real - mas minha família estava determinada a dar um jeito de ir, apesar da situação financeira não tão favorável da época.
Rio sozinho quando penso no meu processo seletivo e o choque que eu senti sobre absolutamente tudo - eu me achava preparada, mas descobri rapidamente que era um peixe fora d'água. Tudo começou com um quiz sobre os parques da Disney, logo antes da entrevista, e quando foi perguntado “Quais os pavilhões de países do parque EPCOT?” eu lembro distintivamente de pensar: “gente, nem sabia que EPCOT tinha países e nem sei o que um pavilhão significa”. Ou de quando fiz minha entrevista - que na época era em dupla - e quando ela perguntou se já havíamos visitado a Disney, minha parceira de entrevista respondeu: Sim, 12 vezes.
Não preciso nem descrever que não consegui esconder minha surpresa. Meus amigos próximos não tinham ido pro exterior e eu nem tinha passaporte na época. Aquilo tudo foi um mergulho completo fora da minha realidade até ali.
O que não faltam são histórias cheias de plot twists, choros e risadas nessa jornada.
Como minha faculdade nos dois primeiros anos eram durante o dia, esse seria meu primeiro emprego formal. Nos Estados Unidos. Falando inglês. A Ana de 20 anos só tinha ido para a Argentina de ônibus e eu fiz meu passaporte especificamente para esse programa de intercâmbio. Eu estava prestes a embarcar na experiência da minha vida.
Sabe, não é exagero quando falo que esse programa mudou minha vida.
Apesar de ter dicas para o processo seletivo - já ajudei alguns mentorandos meus que passaram esse ano e estão indo viver esse sonho em novembro ! - eu gostaria de usar essa carta para contar um pouco sobre esses últimos 10 anos, o quanto essa experiência moldou minha jornada e sobre o que significa de verdade viver isso tudo.
Como contei lá em cima, estou em Orlando, indo nos parques com uma das minhas melhores amigas que eu conheci aqui, trabalhando na Disney. A Renata sendo de Curitiba e eu de Porto Alegre, só a Disney que poderia ter juntado nossas histórias.
Sim, poder trabalhar nos parques e viver isso tudo nos molda profissionalmente. Poderia falar por horas sobre como melhor utilizar essa experiência para nossa jornada profissional (álias, vou falar - infos para participar no final!), mas poucos falam sobre como essa experiência nos molda como pessoa também.
Trabalhar com atendimento ao público é um exercício de empatia que me mudou para sempre. Meu primeiro emprego foi no Magic Kingdom, do lado do castelo enquanto fazia sorvetes e usava uma redinha no cabelo. Aprendi na pele o que é atender pessoas que podem te tratar como lixo e o significado de ter que sorrir de volta. Foi uma escola, para o mundo dos negócios, mas principalmente uma escola para a vida.
Além disso, conheci pessoas que mudaram completamente minha vida. Amigos, que por anos me ajudaram com exemplos de vidas diferentes das pessoas da minha cidade e que vou levar para sempre. Consigo ver a diferença brutal que ter amigos próximos de cidades diferentes fez na minha vida - ter exemplos profissionais diversos, poder visitar cidades diferentes e ter pessoas com históricos diferentes do meu na minha vida é ainda muito enriquecedor.
Apesar de tudo ter começado em 2012 no ICP, eu fiz mais dois programas da Disney pelos anos. Fiz o Super Greeter em 2014, onde representei o Brasil e depois já formada voltei em 2016 por 6 meses onde trabalhei em hotel. Engraçado como que para alguns esse poderia ser um passo para trás, me formar em Relações Internacionais e ir trabalhar em hotéis da Disney em Orlando. Mas, fazia sentido para mim. Era a oportunidade de aprender sobre uma indústria inteira em 6 meses. Eu já sabia que a Disney era a escola da vida real.
Trabalhar na Disney não é só sobre ficar nos parques, aprender a fazer o que você tem que fazer (que no meu caso era trabalhar nos restaurantes no primeiro intercâmbio!). É sobre aprender operações complexas, aprender sobre logística, business e o mais importante de todos: resolução de problemas complexos.
Hoje, quando eu recebo um problema do trabalho, eu posso respirar fundo, talvez pegar um copo de água antes de responder algum e-mail ou fazer alguma ação a respeito. Na Disney, o meu problema era uma pessoa braba, as vezes gritando, na minha frente. Eu já tive que resolver os mais variados problemas que você pode imaginar. Desde reclamações de americanos sobre uma menina brasileira de 13 anos que, segundo eles, estava vestindo um biquini pequeno demais num parque aquático, até pessoas bêbadas fazendo escândalo, e uma família inteira que veio de outro estado comemorar que a vó tinha se curado do cancer mas fez a reserva errada e eles não tinham onde dormir (não tínhamos quartos vazios na Disney inteira).
A Disney me ensinou mais que qualquer escritório já me ensinou.
E apesar de isso ter começado no ICP em 2012, não parou aí. Durante meu segundo programa, o Super Greeter em 2014, eu fui sombra do gerente geral de um parque aquático - que possui uma operação completamente diferente de um parque normal. Com ele, eu realmente aprendi o significado de liderança, resolução de problemas, postura assertiva e muito mais. Acreditam que até treinamento eu tive para poder identificar pedófilos perto da piscina infantil?
Depois, fui embaixadora desse mesmo programa no Brasil por 2 anos e fui até em eventos da Disney no Brasil, como o lançamento do filme Cinderela no Brasil. Participei ativamente da divulgação desse programa que se tornou mais competitivo que o próprio ICP (o primeiro que eu fiz), já que ambos programas que eu fui depois, você necessitava já ter feito o ICP, sendo programas para alumnis.
Em 2016, fui treinada para trabalhar nos hotéis da Disney, onde aprendi o que significa operar um hotel e acreditem: pessoas são estranhas. A quantidade de história bizarra que eu presenciei, honestamente, daria um livro. Todo o sistema de operações para garantir que um hotel da Disney (alguns tem mais 2 mil quartos) funcione perfeitamente é uma tarefa herculeana. Cada hotel é como se fosse uma grande empresa que possui um sistema complexo que faz tudo girar.
O mais louco? A disney tem mais de 20 hotéis no seu complexo em Orlando, e eu trabalhei em 16 deles. Aprendi na marra os pequenos detalhes de cada um deles e me hospedei também na maioria deles. Ah, já falei que quando trabalhamos na Disney, ganhamos ingresso liberado para gente, ingressos extra para família e ainda descontos em tudo?
Um dia gostaria de escrever um artigo do porquê esses intercâmbios de trabalho serem a coisa mais genial que a Disney já fez. Eles contratam pessoas do mundo inteiro, que falam múltiplas línguas, que estão fazendo sua educação superior, que são jovens e dispostos a trabalhar muito por um salário mínimo em horários que nenhum americano local que trabalhar (saudades de quando eu começava 5h tarde e ia até as 3h30 da manhã) e ainda dá descontos para que eles gastem todo o seu dinheiro… de volta na Disney. Sem falar na família que vem visitar e gasta ainda mais.
Brilhante.
E quer saber? Como eu sou grata por isso. Repito quantas vezes foram necessárias: a Disney foi uma das maiores escolas que eu já tive.
Quando eu fiz meu MBA na Coreia do Sul, eu era (modéstia a parte) a melhor aluna. E isso não era porque eu estudava mais - apesar de que eu estudava muito - isso era porque eu tinha uma vasta experiência de resolução de problemas. Quando pensávamos em logística, eu tinha ideias inovadoras porque eu já organizei filas do caixa por horas em um lugar caótico. E o mais importante: eu não tenho medo de problemas ou de pessoas. Já perdi a conta de quantas vezes já gritaram comigo, choraram e pediram para ver o gerente aos berros. Com o tempo, você desenvolve um controle e inteligência emocional acima da média.
Trabalhar atendimento ao público te força a crescer.
Com uma década de Disney “nas costas” vejo claramente tantas vidas que foram completamente mudadas por causas desses intercâmbios. Pessoas que conheceram seus maridos e ficaram nos Estados Unidos, ou conheceram pessoas de outro país e foram pra lá. Pessoas que mudaram de carreira e resolveram continuar trabalhando na área - ontem mesmo vimos uma colega de intercâmbio brasileira trabalhando na Universal.
E o mais importante para mim: as vidas que foram mudadas com as novas amizades. Quando você faz um amigo que também trabalho na Disney, essa é a pessoa que entende coisas que ninguém mais vai entender da sua vida. Os detalhes, as experiências, tudo.
Poder voltar pra Disney (para comemorar meus 10 anos de ICP) com a Renata foi um presente. E ah, acreditam que ela fez o ICP no mesmo ano que eu, mas não nos conhecemos? Fomos nos conhecer e virar amigas no nosso segundo intercâmbio em 2014…
Tenho amigos e amigas do mundo inteiro que eu fiz aqui, nessa cidade, por entre as ruas desses parques que atraem milhões de pessoas todos os anos. Já recebi postcards de vários lugares e até hoje reencontro algumas dessas pessoas nas minhas viagens. São pessoas que entraram na minha vida da maneira mais louca e que ficaram. Existe uma conexão especial que começamos a dividir com essas pessoas. Algumas, inclusive, já encontrei em outras Disney pelo mundo.
Dá pra acreditar que eu conheço todas as Disney da Ásia? E que eu já fui mais de uma vez em todas. Até ingresso anual da Disney Shanghai eu tive. Eu jamais poderia imaginar que isso fosse acontecer quando eu embarquei naquele avião em direção a Orlando em 2012, no meu primeiro programa. E se hoje eu posso te contar isso, é porque tudo começou há uma década, quando vim para meu ICP em 2012.
Foi a experiência que me abriu as portas para o mundo e para diferentes oportunidades. Tenho a felicidade de já ter inspirado algumas outras pessoas a fazer e espero hoje te inspirar a fazer também, um dia.
Essa experiência mudou minha vida.
E hoje, a nova geração tem a oportunidade de experienciar isso, enquanto eu volto… com um sorriso no rosto… apenas para visitar e relembrar.
E que bom!
Voltar aqui, com tanto já tendo acontecido na minha vida - e com condições financeiras - me dá a forte sensação de que minha vida está andando para frente.
Como tem que ser.
E para comemorar isso tudo e passar um pouco de conhecimento a diante, vou fazer uma Masterclass contando toda minha jornada nos programas da Disney, meus aprendizados, erros e como eu utilizei essas experiências no meu crescimento profissional e pessoal. Acredita em mim, você não vai querer perder todas as histórias que eu tenho pra dividir.
O custo será de 1 real (use o cupom SIMBA) e ela acontecerá dia 08 de outubro, no sábado, as 10h da manhã.
O link de inscrição está aqui.
Amo suas histórias e a sua vida! Obrigada por compartilhar! Gratidão
Um "full circle" que se respeite! Só posso imaginar o orgulho da Ana de 2012 ao ler esta carta incrível sobre uma experiência realmente única que ela começou há uma decada. Gratidão por compartilhar conosco este marco tão importante da tua jornada!