019 | O meu castelo e uma torre inclinada (Ou dias Arezzo, Poppi & Pisa na Itália)
10 Agosto, Florença & Barcelona 2022
Comecei essa carta dentro de um trem de Firenze até Pisa, e termino sentada no aeroporto de Barcelona, enquanto espero meu vôo.
Apenas agora consegui parar e escrever sobre os últimos dias e sobre uma pequena aventura que eu decidi viver aqui na Itália.
É engraçado pensar que uma vez no Instagram eu perguntei para as pessoas se elas achavam que meu nome “Ana Paula Poppi” era inventado, e muitas responderam que sim! Eu até mostrei uma foto da minha identidade para provar que Poppi era realmente um dos meus sobrenomes.
Sei que é um sobrenome raro e se não estou enganada, o Censo 2010 mostrava que cerca de mil pessoas no Brasil possuíam esse sobrenome - que no meu caso, é da minha família paterna.
Não é segredo pra ninguém que eu não tenho relações com o meu pai desde muito nova, então não sei muito sobre essa parte da minha família. Nem sei se tenho primos. Na verdade, eu nem sei se tenho irmãos por parte do meu pai. Sempre me achei muito bem resolvida em relação a isso, mas após fazer terapia que comecei a entender os danos psicológicos e emocionais acusados pela falta do meu pai. A verdade é que faz diferença, sim. Mas, a minha história não é marcada por abusos e separações forçadas. E sendo sincera, sou grata por isso.
Há algum tempo eu resolvi pesquisar mais sobre o sobrenome Poppi e descobri a existência de uma pequena cidade na Toscana com esse nome. E desde que eu cheguei em Florença e decidi um pouco por aqui eu havia decidido que iria visitar a cidade Poppi!
O caminho até lá foi fácil porque a Itália tem um sistema de trens que eu achei muito bom. Peguei um trem até a cidade de Arezzo e depois outro até Poppi.
A cidade de Poppi é minúscula, com cerca de 5 mil habitantes e é marcada pelo Castello di Poppi. Obviamente, fui direto para esse castelo que por fora é bem lindo e por dentro é charmoso, apesar de não muito bem conservado.
Ver tantos brasões com Poppi foi uma sensação estranha mas eu adorei. Perguntei para os funcionários onde poderia encontrar mais informações sobre a família Poppi, mas elas não sabiam me dizer. Na verdade, pareciam até um pouco confusa quando eu disse que esse era meu sobrenome.
Castello di Poppi!
Depois do castelo fiquei caminhando pelas ruas enquanto ouvia o podcast do Tim Ferris com o Jordan Peterson. Fiquei pensando em como era a vida algumas centenas de anos atrás e tantas histórias de vida que eu nunca iremos ouvir falar. Estava caminhando em uma mini cidade com menos de uma dúzia de ruas em cima de um morro e que tinha apenas uma catedral e uma pequena capela.
Apesar de não ter descoberto nada de novo sobre minha família e uma possível origem do meu nome, descobri algo interessante. Naquela região foi travada uma batalha importante onde o jovem Dante Alighieri lutou, e onde, segundo o material do castelo, serviu inspiração para a Divina Comédia e sua concepção de inferno.
Na volta, passei algum tempo na cidade de Arezzo e apesar de muito maior que Poppi, em cerca de uma hora consegui andar por toda a parte principal da cidade que eu achei muito charmosa, de verdade. Enquanto caminhava pelas ruas, dessa vez, estava ouvindo um podcast com o Naval Ravikant sobre o futuro da Inteligência Artificial. Foi interessante ver com meus olhos prédios tão antigos, enquanto meus ouvidos recebiam informações sobre o futuro. Uma grande mistura do passado e futuro entre meus sentidos.
No dia seguinte, fui para Pisa.
Com meus dias terminando na Itália, comecei a sentir a necessidade de conhecer melhor a região da Toscana e por mais que eu nunca tivesse sonhado em ir para Pisa e ver a torre inclinada, é um lugar icônico que estando há cerca de 1h30 de distância acabou se tornando uma parada obrigatória.
Ao sair da estação e caminhando em direção a parte principal da cidade com a Torre a Catedral, me vi com uma cidade que eu senti ser estranha - ou pelo menos diferente do que eu havia me acostumado em Florença. Não sei se era o calor, mas eu não senti conexão com a cidade e só fiquei o suficiente para tirar umas fotos, tomar um gelato e voltar. Não me entenda mal, era muito bonito! Mas, acho que me acostumei mal com Florença, que na minha opinião, é simplesmente fora de série.
Apesar de não ter conseguido visitar outras cidades na Toscana como Siena, San Gimignano e Monteriggioni - sem falar em Volterra e Montepulciano (alô fãs de Twilight!), fico feliz em ter me conectado com a Itália, ter visto lugares importantes e marcantes na minha história.
Esses dias na Toscana tem sido muito importantes para mim de tantas maneiras e a oportunidade de ter usado dias para ser produtiva e realizar o que eu queria é algo que me deixa feliz, apesar de não ter conseguido turistar tanto quanto eu gostaria.
E também fica o convite, para voltar e conhecer ainda mais dessa terra tão linda. O dia vai chegar, sem dúvidas.
Gratidão, Itália.
Você entrega tudo,
inclusive um castelo com meu nome.
Eu amo as cartas, porque tem uma energia incrível. Mas imagina, daqui 50 anos, poder voltar atrás e reviver esse momento. Ou até nas tuas próximas gerações, conseguir ler e sentir como você se sentiu nesse exato momento. Isso é incrível. Grata por compartilhar Ana, sempre ✨🌻