Escrevo essa carta do meu café que estou vindo diariamente. Esse canto da cidade, essas mesas que eu estou ocupando, e essas horas na frente do computador estão se tornando uma fonte importante de mudança.
Como eu já falei antes, a minha vinda para Florença foi quase acidental e nem um pouco planejada com antecedência. Na verdade, se alguém me perguntasse há menos de um mês se Florença era uma cidade que eu sentia prioridade de visitar, eu diria que não. Eu sempre achei que Roma era meu norte, meu objetivo. Não me entenda mal, os dias de Roma chegarão, mas desde que eu pisei nessa cidade, senti que era para eu estar aqui e que essas ruas deveriam fazer parte da minha jornada.
Mas, os primeiros dois dias não foram exatamente fáceis.
O calor escaldante e a volta de uma memória do passado me deixaram letárgica. Andar por essas ruas, ver tanta beleza e saber que eu havia sido traída aqui no passado me deixou triste. Uma sensação forte de não merecimento de amor tentou se apoderar de mim.
Eu falo muito sobre viver meus sonhos, sobre crescimento e expansão, mas a verdade é que todos nós ainda estamos na jornada de amor próprio e de cura. E acredito também que essa jornada é pra vida.
A verdade é que eu poderia ter fugido e ir para outro lugar, já que era desconfortável andar por essas ruas e me ver de frente com esses fantasmas do passado. Era a coisa fácil a se fazer: fugir.
Mas, eu também vi uma oportunidade.
Eu não queria colocar pra baixo do tapete esse sentimento, eu queria amar essa cidade e trabalhar ainda mais o meu amor por mim. Eu queria ressignificar tudo, e já que eu estava me sentindo assim… decidi que era hora de fazer algo por mim.
Com isso em mente, eu peguei em um papel e escrevi tudo que estava me incomodando na minha vida naquele momento. Sentimentos que eu tinha, ressentimentos comigo mesmo, áreas que eu achava que não estava fazendo o que eu podia/queria e me sentia frustrada, pendências que me incomodavam… eu coloquei tudo nesse papel. Absolutamente tudo.
Ao analisar aquele papel, me vi com algo surpreendente (e que sendo sincera, sou grata): tudo estava nas minhas mãos. Eu era a única responsável por tudo aquilo e eu não tinha ninguém para culpar. Não havia espaço para vitimismo. Nem mesmo ao pensar no meu ex, já que eu que havia terminado o relacionamento e eu já tinha me escolhido e percebido que ele não servia. Estava feito, estava no passado.
Meu foco mudou para o meu presente e o futuro que eu queria construir. Ainda em Firenze.
Abracei com tudo a ideia de ficar nessa cidade e me dei 2 semanas. Eu iria implementar uma rotina pensada para me tirar dessa inércia e literalmente começar a mudar tudo que me incomodava na minha vida naquele momento.
Pendências, frustrações, descontentamento? Era hora de acabar com tudo isso.
E bom, foi isso que eu fiz nos últimos dias.
Trabalhei como nunca e também suei como nunca. Já eliminei pouco mais de 2kg que estavam me incomodando. Eu me exercitei e estou começando a me sentir forte de novo. Cuidei da minha pele. Escrevi. Organizei. Meditei. Relaxei. E andei. Andei muito - cerca de 2h30 por dia.
E no meio disso tudo, entre horas de foco máximo, caminhadas e alguns pores do sol mágicos, eu me vi e me senti diferente. Me vi vivendo o meu sonho.
Ao olhar ao redor, e ver essas ruas tão únicas, senti um amor muito grande. Não só por quem eu sou, mas por quem eu estou escolhendo ser todos os dias. Amor pelas minhas escolhas. Amor por ter dito não lá atras, para que hoje eu possa dizer sim.
Amor pela minha liberdade, e ter construído uma vida que me permite estar aqui, me curando em um lugar considerado o berço do Renascimento.
Amor por ter escolha, de onde ficar e para onde ir.
Amor por fazer o que precisa ser feito e sentir a força de decidir meu próprio destino.
Que você se crie a clareza necessária para se escolher todos os dias. Escolher amar e acolher sua versão de hoje, que precisa de amor e cura. E também escolher a sua versão do futuro, que precisa que você faça o que precisa ser feito e dê os passos possíveis diários nessa direção.
Merecemos ser amadas. Merecemos ser respeitadas. Merecemos ser cuidadas.
E tudo isso, começa com a gente mesmo.
Eu amo ler as cartas, sinto um sentimento muito bom. Mas imagina daqui 50 anos, conseguir voltar e relembrar o sentimento de viagens assim, mostrar p/ os netos, e até mesmos as próximas gerações. Nossa, incrível mesmo! 🌻✨
Amei ❤️