Escrevo essa carta do meu quarto gigantesco em Florença, após a meia noite e com uma máscara coreana no rosto.
Os últimos dias têm sido diferentes e importantes para mim. Tanta coisa aconteceu, internamente e externamente. Quando eu penso no caminho de como cheguei até Florença, fico um pouco confusa. Como explicar que simplesmente aconteceu?
Eu chegar até aqui é um dos maiores exemplos do entrar no fluxo quando confiamos na vida. Ao falar com um amigo muito próximo (da época do colégio!) que hoje mora aqui, comentamos sobre a possibilidade de eu visitar ele em breve. Ao conversamos um pouco sobre os meus planos, vimos que eu poderia vir depois de Paris - já que ele irá viajar em breve. As datas fechavam perfeitamente!
Importante falar que eu conheço o Guilherme desde os meus 6 anos de idade e temos tantas, mas tantas histórias juntos. Não só em Porto Alegre, mas também em Pequim - onde ambos fizemos um curso de verão em Julho de 2013 por lá. As nossas histórias na China são impagáveis, inclusive a de quando eu visitei o dormitório dele e enquanto esperava na recepção, alguns colegas brasileiros do curso dele me viram e comentaram entre si em português: Nossa, ela é bonita, né? Será que é uma prostituta?
Brasileiros realmente acham que estão falando a língua desconhecida no exterior.
Com tanta histórias juntos e com a saudade, eu simplesmente resolvi vir sem nem pensar muito sobre isso! A verdade é que eu nem pesquisei muito sobre o que a cidade tinha a oferecer, já eu nem tinha planejado vir. Não estava na minha lista e eu nem considerava ser um sonho. Eu estava vindo para ver meu amigo. E bom, hoje eu posso dizer - a vida é realmente perfeita, só que as vezes demoramos para perceber isso.
Depois de alguns dias por aqui e depois de ter andando bastante pela cidade, me vi vivendo um grande sonho. Como até comentei na primeira carta, sempre tive o sonho de ir para Roma e de andar pelas cidades e de escrever e trabalhar de cafés de lá.
Bom, Roma virá. Sem dúvidas ainda irei para lá. Mas, ao andar pelas ruas tão lindas dessa cidade, percebi que eu estou vivendo exatamente o que eu visualizei em minha mente quando me via em Roma.
Eu realmente estou abismada com a cidade, as vielas e ruazinhas, a arquitetura e principalmente em como eu me sinto aqui. Tanto que, resolvi ficar mais alguns bons dias por aqui. Em breve poderei visitar as cidades próximas daqui e realmente conhecer a Toscana de maneira mais profunda.
Eu mal posso esperar para conhecer mais dessa região do mundo e honestamente, ainda não acredito completamente que essa é a minha vida. Como mesmo que eu cheguei até aqui?
Como não explodir de gratidão?
E quer saber o mais louco? Menos de 2h de ônibus daqui existe uma pequena vila chamada Poppi, exatamente o meu nome. Essa é a única cidade do mundo com esse nome e parte de mim sente que eu devo ir para lá e visitar. Na verdade, hoje entendo que meu subconsciente me trouxe aqui, já que alguns meses atrás eu havia decidido visitar essa cidade quando possível. Lembro de literalmente ter fechado os meus olhos e me visto de frente ao castelo que existe lá depois de ter visto uma foto.
Apesar do calor excessivo e do suor deselegante, estou vivendo um sonho sem nem ter planejado ele. Me vejo em uma cidade que chama pelo meu nome, e a cada esquina eu entendo o porquê. Há tempos eu decidi viver uma vida, da qual eu poderia conhecer diferentes cidades pelo mundo com profundidade.
E bom, decidir é receber.
Daqui há alguns anos, poderei olhar para trás e lembrar do verão que eu passei na Toscana, andando pelas ruas de Florença, uma cidade que estou aprendendo a conhecer tão bem e lembrarei de todas as aventuras. Estou vivendo uma vida da qual eu tenho orgulho, e uma vida da qual eu construí conscientemente.
Sob o sol da Toscana estou me encontrando, me desenvolvendo e criando os próximos passos da minha vida.
Sob o sol da Toscana, vivo um sonho tão lindo e realmente sinto nas minhas veias que o limite é uma ilusão.
Sobre o sol da Toscana, me abro para um futuro mágico enquanto vivo um presente renascentista.
Sol o sol da Toscana,
eu agradeço.
Estava atrasada em algumas cartas e percebi como (sem saber) fiquei com saudade de lê-las! Que delícia que é ler sua felicidade e sentir que é possível viver isso e um pouco mais. Gratidão por compartilhas suas experiências, Ana! O mundo é teu!