012 | Decidir é receber

09 julho, Tallinn 2022

jul 09, 2022

Termino essa carta que começou a ser escrita há meses de um café muito charmoso em Tallinn, um achado muito perto de onde eu estou ficando e que tem exatamente a energia (e looks!) de vários cafés que eu já tinha salvo no Pinterest.

Hoje eu quero falar sobre essa frase: Decidir é receber.

Quanto mais eu leio sobre desenvolvimento pessoal, mais eu percebo que todas as pessoas que eu admiro (tanto as que eu conheço, quanto as que eu acompanho de longe) falam que o maior erro que cometemos é a falta de clareza do que queremos de verdade. Talvez eles estejam certos, e um dos maiores males na nossa vida seja a generalização e a falta de uma visão clara do que se quer.

Como Tony Robbins fala, a tomada de decisão é a maior força de nossas vidas e atua dando forma ao nosso destino.

Mas, a maioria de nós não toma decisões. E quando eu falo de decisões, eu falo de decisões de verdade. Temos tanto medo de tomar decisões erradas que acabamos petrificados, sem conseguir nos mover já que queremos garantir que estamos tomando a decisão certa. Num limbo, de ao mesmo tempo querer viver nossos sonhos, mas com medo de dar errado. E assim, acabamos por nem sair do lugar.

Cada vez mais, ao olhar para trás em minhas experiências pessoais, e ao olhar ao redor para a vida de pessoas que me inspiram, eu tenho certeza que uma das principais chaves para que possamos viver nossos sonhos é: decidir.

Decidir o que queremos viver, onde queremos morar, quanto queremos receber, experiências que queremos ter, coisas que queremos comprar, informações que queremos adquirir e aprender, ações que queremos tomar e maneiras que queremos contribuir.

Fazer o ato de realmente escrever e colocar isso num papel. Sabe, existe um poder muito grande na escrita, um poder que apesar de ainda não compreender totalmente, eu consigo sentir e ver os efeitos com clareza ao meu redor.

Parte de mim se pergunta se não decidimos o que queremos com tanta facilidade porque lá no fundo sabemos que a frase "decidir é receber" é verdadeira. Que ao decidir, receberemos toda a ajuda, oportunidades e até pequenos milagres para nos ajudar a viver o que queremos.

E bom, isso dá medo.

Sim, a ideia de não viver nossos sonhos dói, paralisa. Mas, de certa maneira, causa um certo conforto. Estar na merda é quentinho. Ganhamos a simpatia dos outros, temos companhia para reclamar e culpar os outros se torna uma espécie de esporte que facilmente aprendemos a dominar com maestria.

Numa camada muito rasa todos sabemos que temos sonhos e queremos vivê-los, mas quanto mais profundo vamos dentro de nós mesmos, começamos a encontrar medos, receios e bloqueios. E aí a pergunta fatídica (não consciente) aparece: será que eu mereço viver meus sonhos?

Quem sabe depois da próxima especialização, depois do próximo curso, depois que eu perder alguns quilos, depois que eu fizer algo… aí sim, quem sabe, eu serei merecedor de viver o que eu quero. Por enquanto, ainda não.

A ideia de que realmente podemos viver nossos sonhos e que isso é nossa responsabilidade causa incômodo - pelo menos para a maioria de nós, eu acredito. É muito mais fácil não pensar nisso, entrar no piloto automático e deixar sonhos para o "depois". Além de que, sejamos sincero, viver sonhos dá trabalho. E é, principalmente, um trabalho interno - algo que muitos evitam a todo custo. Olhar para dentro é a possibilidade de nos ver de frente com toda a sujeira que há anos fazemos questão de colocar pra baixo do tapete.

E sejamos sinceros, o dia da limpeza ainda não chegou.

Decidir o que queremos é abrir mão.

Abrir mão de culpar os outros, abrir mão da preguiça, abrir mão dos nossos fantasmas internos. Decidir o que queremos é movimento. Movimento de decidir e depois fazer algo a respeito disso. É responsabilidade de fazermos algo com nossa vida.

Decidir é viver a jornada de merecimento, de reformulação da nossa visão pessoal, de dar os primeiros passos e de plantar todos os dias as sementes que queremos colher em nossas vidas. Decidir é permitir.

Que você faça o que precisa ser feito e comece a colher os frutos do que você plantou conscientemente. E aí, você vai entender algo importante. Vai entender que…

decidir é,

fundamentalmente,

receber.