009 | Hola Madrid & Bonjour Paris

13 junho, 2022 Bruxelas

jun 13, 2022

Escrevo essa carta de um café muito charmoso do centro de Bruxelas, chamado Ana Attento. Apesar de ainda ter muito a dividir sobre essa viagem para a Bélgica, essa será a próxima carta, também escrita de outro país. Hoje, vamos falar de Madrid e Paris e as aventuras já vividas até aqui.

Depois da minha jornada em Dubai, percebi que era hora de me expandir e partir para uma nova aventura. Uma das minhas amigas mais próximas, que está em Madrid, havia me chamado para uma viagem de 4 dias em Paris. Depois de pensar muito (e me planejar financeiramente) entendi que era hora de conhecer um novo país, a França. Além disso, a viagem teria algo muito especial, a Disneyland Paris - uma das duas Disney que eu ainda não conheço.

Viajar para Madrid, para encontrar minha amiga foi um lembrete magnífico de algo importante. Nós duas estávamos vivendo nosso sonho de viajar o mundo, morar por um tempo em uma cidade e trabalhar de maneira remota. Ao chegar no Airbnb dela, nos olhamos e eu fiquei realmente pensativa sobre o fato de nós duas estarmos lá.

A Renata, minha amiga, começou a trabalhar de maneira remota no começo de 2020, mas a grande chave é que ela começou a trabalhar para empresas de fora do Brasil, ganhando em dólar. Acredito que alguns que estão lendo essa carta já ouviram falar sobre isso, mas ter a Renata do meu lado, trabalhando com isso há tanto tempo revolucionou a maneira com que eu vejo opções de carreira e trabalho. Sem falar nas diferentes opções em como ser paga também. Depois de dois anos trabalhando em diferentes projetos, hoje a Re tem o emprego dos sonhos dela, ganha em dólar e além da independência geográfica (o trabalho sempre será remoto), ela vai poder viajar a trabalho para participar de eventos ao redor do mundo. Fico feliz de contar que ela também deu uma mini masterclass para meus mentorandos sobre a jornada dela e como eles poderiam seguir os mesmos passos.

Além disso, voltar para Madrid foi uma oportunidade de mudar a narrativa e minha relação com a cidade. No final de 2021, quando eu já estava na minha vida nômade, eu passei cerca de 3 semanas em Barcelona - uma cidade que eu amo, por sinal, e eu consegui mudar minha visão sobre a Espanha, país que eu conheci pela primeira vez em 2019. Eu estava em Londres com minha família, durante 1 semana de férias do meu trabalho em Dubai e de lá, eu e minha mãe faríamos uma viagem nós duas para Madrid por 4 dias. Mas, no dia seguinte de eu chegar em Londres a minha avó infelizmente faleceu e minha retornou ao Brasil as pressas. Como eu já tinha passagem, hotel e eu ainda estava de férias, ficou decidido que eu iria para Madrid sozinha.

Esses dias em 2019 em Madrid foram dias importantes para mim, mas foram dias muito solitários, já que eu estava vivendo o luto sozinha. Mas, lembro do quanto eu achei a cidade bonita e o quanto eu caminhei (horas por dias) para aliviar meus sentimentos internos.

Poder voltar com uma das minhas melhores amigas, caminhar por ruas que são familiares e poder sentar num parque com ela e ver essa cidade tão linda foi algo inesquecível, do qual eu senti tanta gratidão de me sentir feliz naquele lugar que uma vez que já senti tanta tristeza. Poder ir no Palácio Real (que é tão incrível) com ela - um passeio que eu não fiz da última vez porque não quis ir sozinha - foi perfeito. Quase um lembrete da vida que tudo sempre dá certo e que a vida realmente dá voltas para o melhor.

Depois de dois dias em Madrid, pegamos nosso vôo para Paris. Ou melhor, ela pegou, porque o meu foi cancelado, mas dei um jeito e umas horas depois também cheguei a capital francesa. Agora que eu já vivi a viagem, já sai do país e até ja fui para outro país consigo ter uma visão levemente mais imparcial do que eu achei do país. Por alguma razão, eu sempre fui mais o tipo de pessoa que sonhava em conhecer a Ásia ou lugares exóticos, e a ideia de conhecer a Torre Eiffel era algo que eu não tinha exatamente pressa para fazer. Não me entenda mal, a cidade é linda, mas ela não era um grande sonho da minha vida - algo que eu sei que é diferente para muitas outras pessoas.

Por sorte, a Renata planejou uma viagem incrível e eu consegui ver e fazer as principais coisas da cidade. O Palais Garnier (Paris Opera House) foi realmente uma visita impressionante que eu amei - que é inspirado no Fantasma da Ópera. Mas, o meu local favorito foi o Palácio de Versailles. Eu não estava esperando por nada, e sendo sincera, o interior do palácio não foi algo tão impactante para mim, mas os jardins e o lago foram uma das visões mais lindas que eu já vi na vida. Poder ver o campo, o horizonte e o céu daquela maneira é algo difícil de descrever, mas eu lembro de ter só parado para agradecer. Em inúmeros momentos eu me senti no meio do filme Orgulho & Preconceito, com aqueles fundos que parecem uma tela pintada. Algo importante (energético, interno) aconteceu enquanto eu observava aquela vista, e eu jamais vou esquecer esse momento.

Minha visita a Disneyland Paris foi muito especial, mas já fica o aviso: estava lotado! Decidimos pagar mais para poder “furar” algumas filas, através do sistema especial dos parques. Ainda não sei bem como que eu me sinto em relação a isso existir, mas fico grata de poder ter feito isso. Eu conheci a Renata durante um dos programas de intercâmbio que eu fiz quando trabalhei na Disney em Orlando, e estar em uma Disney diferente com ela foi muito especial. Memórias que eu vou carregar comigo para sempre!

Caminhar pelas ruas de Paris e depois voltar e caminhar pelas ruas de Madrid foi uma experiência mágica. Assim que voltamos de Paris, minha amiga foi para Barcelona participar do festival Primavera Sound e deixou o apartamento dela pra mim.

Poder passar três dias sozinha em Madrid, e ver a nova versão de mim caminhar por essas ruas foi inexplicável. Eu me senti num filme. Não, na verdade, eu me senti a personagem principal de um livro, onde ela resolveu viajar o mundo para se encontrar e viver aventuras. E entender que isso não é ficção, que é verdade e que é a minha vida é algo que eu as vezes ainda tenho dificuldade de entender, mas que eu só posso agradecer.

Os próximos dias serão cheios de novas histórias para contar - algumas que meus mentorandos já sabem - e eu mal posso esperar para dividir tudo por aqui.

Eu só posso agradecer que essa é a minha vida, e que eu vivo diariamente meus sonhos.

Sabe, viver vale muito a pena.

Se curar, vale a pena.

Amar,

vale a pena.