008 | E então... mentoria 5! (Ou sobre como eu transformei um sonho em realidade)

30 de maio, Dubai 2022

_ essa carta está sendo lançada com alguns dias de atraso.

Escrevo essa carta de um hotel muito funky enquanto tomo meu latte diário. Engraçado pensar que foi nesse mesmo hotel que eu acabei conhecendo pessoas que estão tendo um impacto interessante na minha vida. Quase que um full circle!

Os últimos dias tem sido interessantes e também marcantes. Tenho a grande felicidade de dividir que ontem eu dei início a minha turma 5 de mentoria. Ainda fico incrédula ao olhar pra trás e ver a jornada até aqui.

A sensação de estar vivendo um sonho… é indescritível.

Como que pessoas simplesmente confiam em alguém que elas não conhecem na internet? Por mais que eu esteja há anos mostrando minha vida e saber que pessoas que eu não conheço sabem muito de mim, ainda fico um pouco surpresa. Não me entenda mal, tenho plena confiança na mentoria e acredito de verdade que é uma escolha incrível e acertada fazer parte disso.

Mas, tentar entender essa conexão invisível que traz pessoas diferentes pra perto de mim, ainda me deixa sem muitas respostas.

Mentorandos das primeiras turmas já se tornaram grandes amigos e pessoas realmente importantes na minha vida. Por mais que a mentoria dure cerca de 3 meses e meio, ela acaba se tornando uma jornada pra vida - tanto para mim, quanto para todos. Quando eu penso na mentoria e o que ela significa na minha vida, ainda é difícil colocar em palavras e expressar com precisão o que eu sinto.

Como expressar a jornada de transformar um desejo tão único do meu coração em um projeto real e sólido, que já impactou a vida de tanta gente?

Há alguns dias estava conversando com a Yasmin, minha mentoranda da turma 2, e eu perguntei o que motivou ela a fazer a mentoria. O que levou ela a simplesmente resolver passar o cartão dela (e investir grande parte do seu salário) em mim e no meu projeto. Ouvir a resposta dela foi testemunhar - mais uma vez - que realmente colhemos o que plantamos. Ela fez a mentoria focada em crescer e pouco menos de um ano depois, ela está aqui, em Dubai na primeira experiência internacional dela. Vivendo uma vida completamente diferente que ela já viveu, e tendo superado grandes desafios de sair da sua zona de conforto e seguir rumo a novos níveis de desafios.

Todos nós temos que dar os primeiros passos rumo a mudança e a expansão. E que honra eu sinto de dividir esses passos com meus mentorandos (que hoje já são quase 200 pessoas)!

Depois do final da mentoria inicial da turma 5 (que terminou 4h40 da manhã para mim), senti uma energia tão forte que não me contive. Simplesmente peguei meus fones de ouvido, meu caderno da gratidão e fui dar uma caminhada no centro financeiro de Dubai, para assistir o nascer do sol. Quando fui ver, estava ouvindo God is a Woman da Ariana Grande e saltitando por aquelas ruas tão familiares para mim.

Por ser tão cedo, as ruas estavam vazias. Olhei ao redor, para os escritórios e fiquei pensando em como o dia daquelas pessoas estava só começando. Algumas estavam acordando, se arrumando… e eu estava ali, meu dia de trabalho tinha terminado e eu nem tinha ido dormir ainda. Todos os dias eu vivo uma vida que desafia qualquer lógica que eu achei possível por tanto tempo. Afinal, devemos estudar muito, procurar um emprego, aí ir trabalhar cedo de segunda a sexta-feira, pagar contas e batalhar por promoções e bônus, para recebermos mais dinheiro. A vida é assim…

Bom, posso te dizer que a vida não precisa ser assim.

Hoje, ainda bem, estou cercada de pessoas que vivem uma vida similar a minha, onde a palavra central é: liberdade. Mas, infelizmente não aprendemos essas possíveis regras do jogo na escola ou até mesmo na faculdade. Tudo isso parece distante, se não impossível, pelo menos para alguém que não vem de berço. Na minha mentoria eu divido mais em como eu consegui trilhar esse caminho e em como eu consegui me desenvolver no tipo de pessoas que consegue viver isso.

Mas, preciso também confessar que por muito tempo eu não senti paz com minha vida atual. Viajar, ter liberdade de horário, trabalhar de cafés… viver o que eu vivo. Era como se eu estivesse fazendo algo muito errado em não trabalhar para alguém, em não ser uma empregada de sucesso (cargo alto, grande organização, o mais jovem possível). Fica claro o quanto a mentalidade de empregado dominava a minha mente e também a minha visão de valor profissional que eu tinha de mim mesma.

Afinal, que tipo de mentora eu posso ser?

A batalha de me aceitar como eu sou, com minhas vontades e desejos autênticos (que não envolvem estar em um escritório recebendo ordens de chefes) foi dolorosa. Aceitar que eu não precisava me encaixar em um modelo - do qual eu não queria! - foi um processo intenso de meses, até eu finalmente decidir ter paz. E essa paz começou a se solidificar quando minha mentora me fez uma pergunta fatídica: “Quantas pessoas que tem uma vida tradicional te inspiram?”

Ouch.

Essa doeu. Empreendedores que me inspiram. A verdade (dolorosa) é de que dificilmente terei o que eu quero alugando meu tempo - 40h semanais - em troca de um salário. E essa verdade ficou óbvia quando as 6h30 da manhã eu estava de frente pro Museu do Futuro, escrevendo no meu caderno da gratidão e observando um nascer do sol de tirar o fôlego simplesmente porque eu podia.

A energia de gratidão que eu senti naquele momento é indescritível (como muitas coisas na minha vida). Eu lembrei de sentar naquele mesmo gramado em maio de 2020, perdida e com tanto medo. Meu programa em Dubai estava para terminar, estávamos vivendo o ápice da epidemia, o aeroporto ainda estava fechado, a China com fronteiras fechadas e eu não tinha ideia de quando veria meu namorado de novo.

O futuro parecia muito sombrio. E bom, ele foi mesmo.

A verdade é que tudo deu errado… para que tudo pudesse dar certo. Meu namoro acabou (de uma maneira quase traumática), eu fiquei sem emprego, eu fiquei perdida, fiquei sem dinheiro, fiquei sem rumo.

Eu tive que me perder e perder quase todas as minhas certezas, para finalmente me permitir trilhar o caminho que eu sempre quis.

Eu já falei aqui, mas desde 2018 eu sabia bem no fundo que meu sonho era trabalhar de um café pelo mundo, especialmente em Roma. E bom, a minha vida que eu estava trilhando em maio de 2020 não me levaria para isso - na verdade, estava me levando a algo muito diferente. E tudo teve de dar errado, e eu tive que me ver de frente com todos os meus medos para finalmente ter coragem de começar a trilhar esse caminho que eu tanto desejava - mas que eu não achava possível.

Eu tive que abrir mão do “seguro” (que na verdade era unworthy) para poder ir atrás do fenomenal. E isso começou com meu relacionamento, que eu sabia que era ruim e abusivo, mas do qual eu não tinha forças para terminar.

Palavras não descrevem - ou explicam - como que eu cheguei aqui, até esse começo de mentoria 5.

A pegada de Deus fica óbvia do lado da minha pegada nessa jornada até aqui. No momento que eu tive fé (em mim mesma!) e que eu resolvi fazer o que precisava ser feito… a mágica começou a acontecer e o universo conspirou, e muito, ao meu favor. Começando em março de 2021, com o lançamento da mentoria 1 - que foi feita da maneira mais rústica possível - enquanto eu chorava em posição fetal todos os dias pela dor do meu término. Eu sabia que eu precisava terminar e eu fiz isso. Mas também lidei com as consequências dessa decisão e o sentimento horrível que eu carreguei comigo por meses que pareciam não ter fim. Terminar um relacionamento com um narcissista é uma das coisas mais difíceis do mundo. Mas eu consegui. E nunca mais olhei pra trás.

E então teve o workshop, a mentoria 2, os primeiros grandes resultados dos meus mentorandos, a vacina, meu aniversário, a viagem para Dubai, a mentoria 3, minha turnê mundial (como eu chamo carinhosamente minha vida nômade), o ano novo mágico no Mágico, a mentoria 4 e a mentoria avançada… até aqui.

Tantas histórias que eu nunca dividi nas redes sociais, só para meus mentorandos. Paixões, momentos únicos, lugares de tirar o fôlego e crescimento pessoal. Minha vida realmente tem sido um comer, rezar, amar! E como explicar isso?

A gratidão que eu senti naquele nascer do sol não tem palavras. Assim como a gratidão que eu tenho nas quase 200 pessoas que já confiaram na minha mentoria, nesse meu sonho pessoal que um dia já pareceu a coisa mais distante do mundo.

Hoje, te relembro que sonhos podem viver realidade.

A minha jornada não foi fácil ou linear. Foi difícil. Eu paguei o preço.

Mas faria esse caminho mil vezes de novo. Porque no fundo, escolher a nós mesmas sempre vale a pena. Crescer sempre vale a pena. Acreditar sempre vale a pena.

Que você aprenda a fazer o que precisa ser feito.

E que você colha os resultados dessa decisão.

Sonhos se tornam realidade.

livro que estou lendo: Secrets of Divine Love, de A. Helwa

Café Nomad Day bar: https://www.instagram.com/nomaddaybar/

Museu do futuro: https://www.instagram.com/museumofthefuture/

música do dia: