Escrevo essa carta sentada do café Have, no meio do centro financeiro de Dubai. Enquanto todos estão entrando e saindo de seus escritórios, eu vejo o movimento e penso: esse café é o meu escritório… de hoje.
Parte de mim ainda fica perplexa com minha vida e todos os muitos caminhos percorridos até aqui. Caminhos que até hoje não consigo totalmente explicar, dos quais eu apenas posso agradecer. Parte de mim, também, se sente animada por finalmente estar escrevendo minha primeira carta, mas ao mesmo tempo não posso negar que sinto uma leve frustração. Era para eu ter começado isso muito tempo atrás.
Quantos momentos, lugares, memórias que passaram e que eu não escrevi sobre? Que eu deixei passar por simplesmente não ter… começado.
Ao mesmo tempo que há felicidade em realizar esse sonho e finalmente fazer o que precisa ser feito, há também uma certa culpa. Pelo menos no meu caso. De não ter feito antes, melhor e maior. Quando será o suficiente? A batalha interna é constante.
Mas, há também uma mágica em novos começos.
A incrível sensação de realmente fazer o que se quer fazer. De finalmente começar, de dar o primeiro passo. Há também a responsabilidade, de continuar fazendo.
E há também esperança.
Que mágica que acontecerá na minha vida causada pelo meu ato de começar?
Onde será que esse espaço pode me levar? Quais pessoas que estarão lendo essas palavras? Quais aventuras que eu nem consigo ainda imaginar que se tornaram histórias contadas por aqui?
Nessa carta 001, quero dividir uma história importante e que me marcou muito - e que vai te ajudar a entender o porquê esse começo é tão importante para mim.
Tudo começou em junho de 2018, quando eu tive contato com a Milena, uma coach de desenvolvimento pessoal do Vietnã. Eu seguia ela nas redes sociais há um tempo, e me conectava muito com tudo que ela dividia. Ela tinha trabalhado para a AIESEC Internacional, tinha conhecido inúmeros países, e mesmo muito jovem, ela estava criando uma carreira para inspirar outras pessoas a seguir seus sonhos depois de já ter trabalhado internacionalmente. Eu me inspirava nela e achava ela o máximo!
Naquela semana, recebi um e-mail de que ela estava abrindo vagas para uma sessão gratuita de teste. Respondi na velocidade da luz e consegui marcar um horário. Eu estava perdida e precisava de ajuda. O mais louco? Eu tinha nítida intuição que ela era a pessoa certa pra me ajudar.
A sessão aconteceu na mesma semana da minha formatura do meu mestrado em Economia em Shanghai. Eu ainda não sabia quais seriam os meus próximos passos, e honestamente? Eu tinha medo. Muito medo. Do meu futuro, do que estava me esperando, e eu tinha medo de sofrer. A sensação de que a infelicidade me esperava era real e marcante.
Essa sessão de 1h mudou minha vida. Após conversarmos, ela me guiou em uma meditação para entender o que seria um dia perfeito para mim. Eu fechei os meus olhos, e ela me ajudou a remover todas as barreiras internas que eu tinha sobre o que eu achava que eu deveria fazer, quais caminhos eu achava que eu deveria seguir, e a pessoa que eu achava que eu deveria me tornar. Era hora de abrir mão de tudo isso, para me conectar com quem eu era de verdade. A minha versão autêntica, não a versão auto-imposta.
E o que eu vi e senti foi algo completamente diferente do que eu esperava.
Eu me via feliz, cheia de vida, sentada em um café em Roma enquanto eu escrevia no meu computador.
Posso não estar escrevendo de Roma (ainda), mas a sensação é exatamente a mesma daquela meditação feita em 2018. Quase 4 anos depois, isso não é mais um sonho. É uma realidade.
Aqui, com essas palavras.
A jornada para chegar até aqui não foi fácil. Mas aceitar esse meu lado - que não exatamente se encaixa na visão Ana-profissional-andando-de-salto-no-escritório que eu achava que deveria seguir -, que quer apenas escrever e compartilhar foi um processo. Muitas vezes doloroso. E que ainda é desafiador.
Afinal, quem sou para achar que essas palavras tem valor?
Que eu realmente posso viver e ser a pessoa que escreve de um café e que é muito feliz enquanto faz isso? Que eu mereço viver meus sonhos?
Ainda não sei os próximos caminhos da minha jornada. Mas, tenho muita fé. Em mim, na vida, e fé de que sonhos podem se tornam realidade. Que chegará o dia que vocês lerão uma carta de Roma. E também de tantos outros lugares.
Esse é um espaço para ideias, pensamentos, sentimentos, aventuras e muito mais. É um espaço de coragem, onde eu me permito ser essa versão que desafia todas as noções que eu tinha sobre quem que deveria ser. Onde eu me permito escrever.
Escrever cartas… de mim, para você.
Que você também encontre a coragem e força para começar algo que você sempre quis. Se não agora, quando?
Se permita.
viver um começo mágico.
E se puder,
tome um café maravilhoso no caminho.
Vc é minha maior inspiração
Você é fantástica Ana!!